Um espectro ronda o Vale do Silício e ele se chama Paulo Freire. Isso mesmo, pois, de acordo com a revista Economist, a “bíblia” dos neoliberais estadunidenses, a nova esquerda dos EUA é autoritária e perigosa e, entre os motivos, é porque ela se baseia nas obras de Paulo Freire e Herbert Marcuse.
Ao tratar das influências teóricas da nova esquerda estadunidense, a reportagem que leva o título "A ameaça da esquerda liberal", diz o seguinte:
“Herbert Marcuse, um teórico crítico, cunhou a frase "tolerância repressiva", a noção de que a liberdade de expressão é certa para fazer progresso, desde o "cancelamento do credo liberal da discussão livre e igualitária.
Outra influência foi Paulo Freire, educador brasileiro cuja "Pedagogia do oprimido" (publicada em inglês em 1970) defendia a Revolução Cultural de Mao, na qual "os oprimidos desvelam o mundo da opressão e através da práxis comum à sua transformação", diz a revista.
Porém, tanto em relação ao Marcuse quanto a Paulo Freire, a revista é completamente desonesta. Ambos os autores eram críticos daquilo que já identificavam como “partido estado”, que pecava por excessiva burocracia e controle interno de seus críticos.
Todavia, Paulo Freire é autor brasileiro mais citado em todo o mundo e o único brasileiro a configurar na lista das principais universidades dos Estados Unidos, Europas e na América Latina.
Atualmente, o seu nome voltou a entrar em voga nos EUA por conta do trabalho da educadora e escritora bell hooks, que é adepta do método de Freire e já publicou vários livros sobre, entre eles, “Ensinando a transgredir”, que já é considerado um clássico e trata da educação popular nos EUA.
Portanto, diferentemente do que escreveu a revista Economist, Marcuse e Freire eram defensores da pluralidade de ideias e do acesso universal à educação em todos os seus níveis, o contrário do que defende a publicação e os seus leitores.