Líder sem-teto é preso depois de desocupação em Itaguaí (RJ)

Terreno onde 400 famílias se instalaram é de propriedade da Petrobras. Polícia Militar retirou as pessoas numa ação truculenta, usando gás lacrimogênio e caminhão blindado com jatos d’água

Foto: Redes sociais
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Eric Vermelho, liderança estadual do movimento de trabalhadores sem-teto no Rio de Janeiro, foi preso ontem (1°) após a truculenta ação da Polícia Militar que desocupou uma área de propriedade da Petrobras na qual 400 famílias estavam instaladas em Itaguaí, na Região Metropolitana.

A detenção foi determinada pelo delegado Marcos Castro, titular da 50ª Delegacia de Polícia (Itaguaí), que em seu despacho acusa Vermelho de associação criminosa. A prisão foi cumprida quando o líder sem-teto auxiliava os desalojados pela reintegração de posse no terreno da estatal de petróleo e gás, que eram encaminhados para uma escola pública do município fluminense.

Num vídeo gravado pelo acusado, dentro da delegacia, ele afirma não ter sequer conhecimento das razões que levaram a autoridade policial a determinar sua prisão. Os moradores retirados da área também se revoltaram com o encarceramento de Vermelho.

"Ele foi preso porque se preocupava em dar dignidade para a gente. Era ele quem conseguia alimentos, remédios, roupa", reclamou uma moradora da ocupação, identificada como Shirley Conceição.

Para tentar esclarecer as circunstâncias da prisão, membros da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) foram encaminhados à unidade policial para prestar auxílio jurídico a Eric Vermelho.

Desocupação violenta

A ação que terminou com a desocupação do lote da Petrobras teve início por volta das 7h50 de quinta-feira (1°) e foi bastante violenta. Unidades da PM jogaram bombas de gás lacrimogênio nos moradores e utilizaram um caminhão blindado que dispara jatos d’água.

As famílias que viviam na área colocaram fogo em barricadas montadas nas entradas do terreno, para dificultar a ação das forças de segurança. A ordem judicial foi cumprida pela Polícia Militar, que contou a ajuda de seu Batalhão de Choque e de policiais civis da Coordenadoria de Recurso Especiais (CORE).