Uma reportagem publicada nesta segunda-feira (19) pela agência internacional de notícias Reuters afirma que o banqueiro André Esteves, que foi sócio no BTG Pactual com o ministro da Economia do governo Bolsonaro, Paulo Guedes, segue no controle da instituição financeira, mesmo depois de sua demissão da diretoria do banco após um escândalo de corrupção na esteira da Operação Lava Jato, em 2015, época em que chegou a ficar preso por 23 dias.
Esteves, que é acionista do BTG e dono de ações no banco no valor de R$ 40 bilhões, foi formalmente desligado do conselho que administra o grupo, à época visto como uma atitude de boas práticas de gestão. Ele estaria preparando uma recuperação de seu prestígio junto ao mundo financeiro após a abertura de capital do BTG, que recebeu recomendação de compra de seus papéis por parte do gigante norte-americano Goldman Sachs.
O texto diz ainda que após a prisão e as máculas, o banqueiro brasileiro já teria deixado para trás seus problemas de ordem legal.
O Federal Reserve (Banco Central dos Estados Unidos) aprovou recentemente um pedido de Esteves para recuperar o controle acionário do BTG, mesma decisão que já havia sido tomada pelo Banco Central do Brasil há dois anos. Ele aguarda agora uma chancela do mesmo tipo por parte do Banco Central Europeu para que então retome com toda a força o comando da empresa bancária brasileira que mais cresce no mundo (130% desde 2019).
No entanto, o retorno de André Esteves é muito mal visto pelo mercado em geral e por analistas econômicos, já que denota para o mundo dos negócios que o BTG compactua com figuras que já praticaram ou foram acusadas de praticar manobras ilegais e operações relacionadas a escândalos de corrupção.
Lava Jato
André Esteves foi acusado pelo ex-senador Delcídio Amaral de oferecer dinheiro para calar testemunhas que fechariam acordo de delação premiada junto ao Ministério Público Federal (MPF). Posteriormente o ex-parlamentar afirmou que não tinha exata noção de quais eram esses valores ofertados por Esteves.
Com a prisão do banqueiro, o BTG sofreu uma forte queda no valor de suas ações: 21% no dia da detenção e 50% no mês seguinte, o que obrigou a instituição a vender seus ativos para controlar a crise.