O ministro de Governo da Bolívia, Eduardo del Castillo, confirmou ontem que a gestão de Mauricio Macri, ex-presidente da Argentina, enviou armas para o território de seu país no período de insurreição que resultou no golpe de Estado que depôs Evo Morales, em novembro de 2019.
Durante entrevista coletiva, Castillo refutou a versão da Casa Rosada de que o arsenal enviado pelo governo Macri há quase dois anos seria para proteger a embaixada argentina em La Paz. Segundo ele, o material bélico, em grande quantidade, entrou no território boliviano como contrabando, por “meios ilegais”, com a finalidade de desestabilizar politicamente o país vizinho, no auge das agitações golpistas que tiraram o ex-presidente Evo Morales de seu mandato constitucional.
Patricia Bullrich, ex-ministra de Segurança da administração Macri, que hoje ocupa a presidência do PRO (Proposta Republicana), partido político argentino de direita, assumiu a remessa do armamento à nação fronteiriça, mas insiste na tese de que era para proteção de suas instalações diplomáticas no país.
A quantidade de armas, os meios empregados e o período em que foram enviadas à Bolívia têm despertado desconfiança em parte da comunidade internacional, que vê no episódio uma possível interferência de Buenos Aires no desenrolar dos fatos trágicos que resultaram na morte de 33 bolivianos e na interrupção violenta e ilegal do quarto mandato de Morales, que chefiava o país desde 2005.