Numa decisão arbitrária, a Petrobras demitiu o diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), Alessandro Trindade, sob a alegação de que o trabalhador participou de uma ocupação chamada de Campo dos Refugiados, localizada num terreno da estatal em desuso, no município de Itaguaí (RJ).
A demissão, segundo a empresa petrolífera, foi por justa causa, pelo simples fato de Trindade ter comparecido à ocupação numa ação social que distribuiu cestas básicas às famílias que vivem no local. Os alimentos foram arrecadados por servidores da Petrobras.
Desde a ocupação da área, que teve início em 1° de maio, a FUP e o Sindipetro-NF foram avisados sobre a campanha de arrecadação de mantimentos. As organizações de classe, então, passaram a colaborar com a iniciativa, o que fez com que a direção da empresa passasse a acusar Trindade de participar da ocupação do terreno.
O petroleiro se defendeu da acusação e encaminhou ofício à Petrobras, no qual explicou não ter participação no movimento em si, tendo colaborado apenas na arrecadação das cestas básicas paras as famílias em condições de vulnerabilidade.
"Até onde apurei, depois dos fatos, a ocupação do terreno da Petrobras em Itaguaí ocorreu às 04h do dia 1° de maio de 2021. Naquele momento eu estava em minha casa, e pouco depois me dirigi a atividade comemorativa do Dia do Trabalhador, na Lapa, no centro do Rio de Janeiro. Por conta do projeto Petroleiros Solidários, que desenvolvo com minha família e companheiros empregados da Petrobras há mais de um ano, fui chamado por moradores da vizinhança de meu bairro, Padre Miguel, para prestar auxílio às famílias em situação de fome na ocupação. Imediatamente entrei em contato com a diretoria do Sindipetro-NF, entidade da qual sou diretor do departamento jurídico, e a diretoria de pronto tomou a atividade como tarefa do movimento sindical, e me incumbiu de comparecer ao local, o que fiz no mesmo dia 1° de maio, mas já por volta de 11h30, levando alimentos aos necessitados, como havia sido incumbido pela direção", escreveu Trindade.
Para o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar, a medida tomada pela direção da Petrobras teve como intenção inibir as atividades solidárias realizadas pelo Sindipetro-NF e coordenadas por Trindade, assim como intimidar ações sindicais da categoria.
"Conheço o Alessandro Trindade (Careca), há anos, e sempre admirei e apoiei sua história de luta e solidariedade. Essa é mais uma ação antissindical, injusta e ilegal da gestão da Petrobrás contra um lutador que defende trabalhadores e ajuda a levar comida a necessitados com muito amor e solidariedade. Não vamos baixar a cabeça, calar a nossa voz, nem deixar de fazer as nossas ações solidárias e de luta. Reverteremos mais essa punição na luta e resistência, na Justiça e nas urnas", afirma o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar.