O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do presidente Jair Bolsonaro, tuitou hoje cedo (05), com ironia, uma informação inverídica de que mortes por tuberculose, infarto, homicídio e câncer acabaram no Brasil depois que teve início a pandemia da Covid-19, dando a entender que esses casos estavam sendo atribuídos falsamente à Síndrome Respiratória Aguda Grave provocada pelo novo coronavírus.
A afirmação é totalmente mentirosa, já que inúmeras autoridades e órgãos públicos vêm divulgando dados que mostram exatamente o contrário em relação a essas doenças e causas de morte.
Segundo dados oficiais do Ministério da Saúde, divulgados em agosto de 2020, o Brasil registra por dia 200 novos casos de tuberculose. Em entrevista há pouco mais de uma semana à Agência Brasil, o infectologista Paulo Victor Viana, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), afirmou que o problema em relação à tuberculose no país tem se agravado, já que por conta da pandemia muitos casos deixam de ser diagnosticados, o acompanhamento é negligenciado pelo paciente, ou até mesmo a medicação para a doença, que tem cura, é descontinuada, causando aumento de mortes. Ainda de acordo com o médico, a mesma tendência foi notada em outros países.
Já em relação às mortes por infarto, uma pesquisa realizada pelas universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ) e Minas Gerais (UFMG), em conjunto com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e o Hospital Alberto Urquiza Wanderley, na Paraíba, mostrou uma elevação dos casos em algumas grandes capitais brasileiras. Manaus é a cidade que mais viu os óbitos por essa causa crescerem: 132% a mais do que no ano anterior à pandemia. Em seguida, aparecem Belém (126%), Fortaleza (87,7%), Recife (71,7%), Rio de Janeiro (38,7%) e, por último, São Paulo, com (31,1%).
No que diz respeito aos óbitos por câncer, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) divulgou um levantamento apontando que 74% dos especialistas da área tiveram um ou mais casos de pacientes que postergaram ou abandonaram o tratamento, o que resultou num aumento de 13% nas mortes pela doença para cada mês de tratamento atrasado.
Por último, sobre a suposto fim súbito dos homicídios ocorridos no Brasil, o banco de dados desenvolvido pelo portal de notícias G1, em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostra que na verdade os casos de assassinato aumentaram 5,2% em 2020. A divulgação da informação data de 12 de fevereiro deste ano.