“Pessoa nefasta”: Jean Wyllys celebra nas redes vitória na Justiça contra Bia Kicis

STF reverteu decisão do TJ-DF de 2016 que condenou o ex-deputado do PSOL por postar foto da então procuradora Bia Kicis com parlamentares golpistas numa reunião com Eduardo Cunha, pelo impeachment de Dilma Rousseff

Foto: Redes sociais
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Uma decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, derrubou ontem (10) uma decisão do TJ-DF de 2016 que condenava o ex-deputado do PSOL Jean Wyllys a pagar indenização de R$ 40 mil à hoje deputada federal Bia Kicis (PSL).

A contenda judicial teve início após Wyllys publicar uma foto, em julho de 2015, em que a então procuradora Bia Kicis aparecia ao lado de Eduardo Cunha (presidente da Câmara), entre outras figuras do meio político, celebrando o andamento do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, que acabou afastada do Planalto meses depois, numa manobra amplamente reconhecida como um golpe parlamentar.

Na imagem, Bia Kicis aparecia, assim com todos os demais, com o dedo indicador apontado para o alto. A legenda utilizada pelo então deputado psolista não fazia qualquer menção à autora da ação judicial. Nela podia-se ler apenas "Levanta a mão quem quer receber uma fatia dos 5 milhões", numa alusão aos US$ 5 milhões recebidos de propina por Eduardo Cunha em contratos de navios-sonda da Petrobras.

Com a suspensão da decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios pelo STF, Jean Wyllys foi ao Twitter comemorar o que classificou como um caso de “puro lawfare”, afirmando que a condenação conseguida por sua acusadora há quase cinco anos, a quem chamou de “pessoa nefasta”, seria fruto de suas “relações amistosas” com juízes daquela comarca, já que Bia Kicis era procuradora de Justiça na mesma circunscrição na data da sentença.

Wyllys, que hoje vive no exterior e faz doutorado na Universidade de Barcelona, na Espanha, aproveitou o fio na rede social para demonstrar as relações da atual deputada bolsonarista, recém-eleita para presidir a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal, com a extrema direita brasileira e estrangeira.

O ex-deputado lembrou que Bia é investigada na CPI das Fake News, que ela já ofendeu de forma grave diversas personalidades do campo progressista, citando até Caetano Veloso, e que teria relações com movimentos extremistas reacionários da Hungria, além de ser uma contumaz negacionista da Pandemia de Covid-19, indo contra todas as orientações técnicas e sensatas para o combate à doença, inclusive normas da OMS. Nas postagens, Wyllys também salientou que a deputada conservadora está atrelada a atos antidemocráticos como os que atacaram a sede do STF no ano passado.

O hoje doutorando disse que publicava aquelas informações para “ajudar cientistas políticos, jornalistas honestos e a esquerda desmemoriada” a estabelecerem “o nexo entre o golpe de 2016, homofobia social, fake news na internet e na imprensa comercial, lawfare, Lava Jato e ascensão da extrema-direita”.

Por fim, a foto que foi pivô do imbróglio judicial, na qual Eduardo Cunha e os “demais próceres da extrema-direita burra e vil”, como Wyllys intitulou o grupo político que orquestrou o golpe contra Dilma, foi republicada com um pedido para que os seguidores dessem uma legenda para a imagem.