Governo Bolsonaro banca formação de missionários para evangelizar indígenas

Ministério da Educação tem menor investimento na educação básica em 10 anos

Foto: divulgação
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Com o objetivo de evangelizar indígenas, o governo Bolsonaro está financiando o envio de missionários camuflados como professores, fisioterapeutas e enfermeiros a terras indígenas, informa reportagem do Intercept.

De acordo com a matéria, trata-se de uma parceria com a UniMissional que abriu em 2020 a sua primeira turma de alunos-evangelizadores em Maringá, no noroeste paranaense.

Embaixo do slogan "Missão e Profissão: juntas, ao mesmo tempo", ela funciona dentro de uma das maiores universidades privadas do país, a UniCesumar.

Além disso, a UniMissional se vale do carimbo de qualidade do MEC, do Enem e do dinheiro público do Fies e do Prouni, que financia cursos superiores privados, para seduzir jovens estudantes na missão de converter povos nativos ao cristianismo evangélico.

Em 2020, no auge da pandemia, a UniCesumar obteve uma vitória importante: foi promovida de centro universitário para universidade após uma caneta do ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub. O status de universidade garante maior autonomia para criar cursos e programas.

O reitor da UniCesuar, Wilson de Matos Silva, em discurso de boas-vindas aos calouros, declarou que o "Brasil é um país de maioria cristã. E nós, cristãos, acreditamos no criacionismo, não no evolucionismo".

A UniMissional é projeto tocado por um dos filhos de Wilson, Wesley Kendrick Silva, que também é diretos de Relações Institucionais da UniCesumar e pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil.

Com R$ 2,5 mil mensais você estudar na universidade e morar numa casa bacana, ter alimentação e até academia incluídas, porém, com uma condição: você também será instruído para atuar como missionário. As exceções são só os cursos de medicina e odontologia, que exigem dedicação exclusiva em período integral.

ALém da rotina educacional de uma universidade, os estudantes da UniCesumar são chamados para "evangelizar os povos não alcançados", maneira com os missionários se referem as populações não convertidas à religião evangélica.

Os alunos são estimulados a separar parte do dia para fazer orações, leituras da bíblia e participar da igreja local.

A grade curricular traz disciplinas como "vida cristã", "cultura, sociedade e o Reino de Deis", "missões e evangelização", "agências missionais", "plantio e revitalização de igrejas" e "comunicação transcultural".

O projeto da UniCesumar conta com parcas verbas públicas: só em 2020 a instituição da família Matos Silva recebeu R$ 32,6 milhões do Fies.

Em 2019, a UniCesumar teve dirieto a 2.810 bolsas integrais do Prouni. Porém, tanto os alunos do Fies quanto os prounistas, são convocados para participar da missão de evangelizar os povos indígenas, ou seja, verba pública sendo utilizada para a evangelizar povos indígenas.

Além de ser beneficiada com verbas do Fies e do Prouni, a universidade também foi contemplada no programa Pátria Voluntária, coordenado por Michele Bolsonaro, a primeira-dama.

Segundo o Intercept, a UniMissional embolsou R$ 392 mil, o que a colocou como campeã em volume de recursos recebidos.

Por fim, essa história se torna ainda mais escandalosa quando se olha o destino da verba do MEC para o ensino básico e os cortes sistemáticos que a Pós-graduação vem sofrendo no Brasil desde o governo Temer.

Estudo realizado pela ONG Todos Pela Educação, divulgado neste domingo (21), revela que sob o governo Jair Bolsonaro (Sem Partido), o Ministério da Educação (MEC) repassou cerca de R$ 42,8 bilhões a estados e municípios para a educação básica, sendo R$ 32,5 bilhões em despesas pagas – o que dá cerca de R$ 17 por aluno no ano. É o menor orçamento desde 2011. O valor ainda é 10,2% menor que em 2019.

Em 2010, por exemplo, a pasta pagou R$ 36 bilhões em despesas com educação básica; e, em 2020, apenas R$ 32,5 bilhões foram de fato gastos.

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