O Partido da Causa Operária (PCO), principalmente na figura de seu eterno presidente, Rui Costa Pimenta, arroga representar a "verdadeira esquerda e representante da classe trabalhadora"... bom, para a Jovem Pan, canal de comunicação que verbaliza os valores do neoliberalismo, e para o apresentador do "Pânico", Emílio Surita, eles estão estão corretos.
Na edição desta quinta-feira (9) do programa "Pânico", o apresentador do programa, Emílio Surita, ergueu uma camiseta do PCO e afirmou que o partido representa a "esquerda raiz".
Antes disso, Surita agradeceu alguns presentes que recebeu do presidente do PCO, Rui Costa Pimenta. Trata-se de um livro - "Era da Censura das Massas", escrito por Rui Costa Pimenta e João Caproni Pimenta -, e uma camiseta do partido autografadas pelo líder do Partido.
"Quero começar o programa agradecendo a camiseta enviada pelo nosso querido Rui Pimenta, do PCO", disse Surita.
"Essa é a esquerda. Não é a esquerda da Faria Lima, a esquerdinha do ile/nile, a esquerdinha Nutella. Essa é a esquerda raiz, do proletária, dos sindicatos", declarou o Surita, conhecido por seus posicionamentos à direita do espectro político.
O presidente do PCO, Rui Costa Pimenta, concedeu uma entrevista para o programa “Pânico” no dia 1 de dezembro (quarta-feira) e, pelo visto, caiu nas graças de Surita e de seus colegas de trabalho que, de esquerda ou “proletários” não tem nada.
PCO: reportagem destaca golpes de filhos de Rui Costa Pimenta em funcionários do partido
O DCM publicou nesta terça-feira (7), uma extensa e detalhada reportagem de Pedro Zambarda de Araújo em que aponta processos trabalhistas sofridos pelo PCO (Partido da Causa Operária). O site obteve acesso a trocas de mensagens e documentos que mostram calotes e golpes de dirigentes da legenda, filhos do fundador Rui Costa Pimenta, em trabalhadores.
Documentos apontam que, enquanto funcionários credores imploravam por salários devidos, a família Pimenta viajava pela Europa. Além do dirigente, que andava pelo Velho Mundo, um dos seus filhos postou fotos nas redes sociais de um passeio de 50 dias em Portugal, Itália e Alemanha.
Quase um milhão de fundo partidário
Até 2018, conforme relata a reportagem, o Partido da Causa Operária recebeu R$ 980.691,10 de Fundo Partidário, quase R$ 1 milhão. De acordo com o TSE, o PCO ficou de fora da divisão dos recursos por não cumprir os requisitos fixados na cláusula de desempenho. Essa verba seria, principalmente, para pagar custos e financiamento de campanha política. A legenda, no entanto, não elege nenhum parlamentar desde 2004, quando fez o único vereador de sua história.
“PCO me parecia muito combativo em sua política e muito acolhedor em sua militância, mas com o tempo a convivência vira vigilância, controle e manipulação. Te jogam contra sua família, seus amigos ‘pequeno-burgueses’, seu trabalho e seus relacionamentos”, diz Gabriela Tavares, uma ex-integrante da legenda, ao DCM.
Juíza deu ganho a funcionário
Entre as ações abertas contra o PCO na 29ª Vara do Trabalho de São Paulo, a reportagem destaca a movida em 3 de março de 2020, por William Terence Dunne, contra o Partido da Causa Operária e a Fundação João Jorge Costa Pimenta.
Ele pedia uma indenização de R$ 72 mil por irregularidades no pagamento dos serviços prestados, horas extras e irregularidades no vínculo trabalhista, que deveria ser CLT.
A juíza Luciana Garcia, em 23 de agosto de 2021, deu uma sentença favorável a Dunne, condenando o partido a uma indenização de R$ 75 mil em segunda instância. William Dunne trabalhou por sete anos no PCO.
Outros processos
Outra ação, de Eliane Borges, é movida desde 24 de agosto de 2021, cobrando R$ 40 mil. O processo ainda está aberto.
Outro processo foi aberto por Ezio Medeiros em 12 de dezembro de 2019. Na ação, ele pede R$ 108 mil de indenização.
Nenhuma das pessoas que entrou na Justiça era militante voluntário do Partido da Causa Operária, e sim ex-funcionários que reclamaram das condições de trabalho.
‘Manda eles à puta que pariu’
Ao final de uma conversa com Natália Pimenta, sua irmã, João Jorge Caproni então fala a orientação que recebeu de seu pai, Rui Costa Pimenta, sobre os pagamentos pendentes:
“Ele disse que é para mandar eles à puta que pariu (palavras dele). Até ele voltar ao Brasil, ele disse que o pessoal vai ficar sem salário por falta total de dinheiro”.