O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) decidiu não ir à COP26, encontro mundial onde líderes do mundo inteiro vão se reunir para discutir políticas e acordos climáticos.
À imprensa, Bolsonaro alegou "agenda estratégica" como justificativa para a sua não participação no evento. O fato é que o governo federal deve um dos mais criticados e o Brasil, hoje, é visto como "pária mundial" no que diz respeito às políticas de meio ambiente.
Sobre a agenda estratégica revelada pelo presidente, trata-se de uma homenagem a militares que lutaram na Segunda Guerra Mundial, na Itália, e visitar a cidade onde nasceram os seus parentes mais antigos.
Na tentativa de reverter tal imagem, um consórcio de governadores, que recebeu o nome de “Brasil Verde”, vai à COP26 para representar o Brasil. O objetivo do grupo é afastar o Brasil da imagem do presidente e apresentar algumas políticas verdes em curso no país.
O consórcio "Brasil Verde" é formado pelos seguintes governadores: Camilo Santana (PT-CE), Carlos Moisés (PSL-SC), Eduardo Leite (PSDB-RS), Helder Barbalho (MDB-PA), João Doria (PSDB-SP), Mauro Mendes (DEM-MT), Paulo Câmara (PSB-PE), Renato Casagrande (PSB-ES), Romeu Zema (Novo-MG), Welington Dias (PT-PI).
A COP26 começa nesta segunda-feira (1) em Glasgow, na Escócia.
Pária Ambiental
O fato é que, desde que Bolsonaro assumiu a presidência da República, as políticas ambientais foram completamente descontinuadas.
Recente relatório do Observatório do Clima revelou que o Brasil aumentou em 9,5% a emissão de gases de efeito estuda em 2020.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), houve um aumento de 7,13% nas taxas de desmatamento da Amazônia entre 2019 e 2020.
Todavia, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, que vai representar o Brasil, deve apresentar o "Programa Nacional de Crescimento Verde" e pretende apresentar o governo Bolsonaro como "preocupado com a pauta climática".
Em 3 anos, governo Bolsonaro promoveu retrocesso ambiental de 30, diz dossiê
Em três anos de governo Bolsonaro, o Brasil sofreu um retrocesso de 30 anos na área socioambiental. É o que mostra dossiê lançado nesta quinta-feira pelo Sinal de Fumaça, plataforma que sistematiza semanalmente dados e fatos sobre a crise socioambiental brasileira.
Batizado de “Governo JB – Menos 30 anos em 3”, o dossiê traz uma linha do tempo detalhada com todos os desmontes de políticas voltadas à preservação do meio ambiente promovidas pelo atual governo, cortes de orçamento, dados sobre a explosão do desmatamento e queimadas, bem como o aumento da violência no campo, do garimpo, dos ataques contra indígenas, ativistas, servidores de órgãos ambientais e lideranças comunitárias, entre outras informações relevantes sobre o tema.
O documento responsabiliza não só o governo Bolsonaro pelo retrocesso na área socioambiental, mas também a agenda de desmonte no Congresso Nacional sob as gestões de Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente. Segundo o Sinal de Fumaça, os impactos “extrapolam em muito as reformas infralegais verbalizadas pelo ex-ministro Ricardo Salles em abril de 2020” – ocasião em que ele proferiu a fatídica declaração sobre “passar a boiada”.
“Quando o deputado Arthur Lira e o senador Rodrigo Pacheco assumiram as presidências das casas, em fevereiro de 2021, projetos de lei relacionados ao uso da terra e ao licenciamento de grandes empreendimentos passaram a tramitar de forma acelerada com a benção do Palácio do Planalto. A boiada começou a ser tocada no legislativo, com a possibilidade de impactos mais profundos e duradouros”, diz um trecho do dossiê.
COP26
Com versões em inglês e português, o relatório, produzido com dados sistematizados pelo Sinal de Fumaça desde 2018, vem às vésperas da COP26 (26ª Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas), que começa na próxima semana em Glasgow, na Escócia, e onde os principais líderes e chefes de Estado do mundo discutirão acordos e tratados relacionados à questão ambiental.
“Na próxima semana, chefes de estado de centenas de países se reúnem na COP 26 para discutir como barrar a emergência climática. O Brasil vem aumentando sua participação no problema com o crescimento das emissões de poluentes derivadas do desmatamento e da carbonização da matriz energética em função da crise hídrica, por sua vez vinculada às perdas florestais”, afirma a jornalista e ativista Rebeca Lerer, coordenadora do Sinal de Fumaça.
“A diplomacia e os mercados internacionais precisam exercer pressão política e comercial sobre o Brasil para responsabilizar Bolsonaro e permitir que o país cumpra suas metas de redução de emissões, minimizando o colapso climático em curso”, completa Rebeca.
Segundo a ativista, “as políticas relacionadas ao uso da terra unem os setores mais atrasados da economia brasileira aos grupos mais conservadores da extrema-direita. Além de garantir a permanência de Bolsonaro no poder, essa aliança é determinante para o resultado das eleições de 2022“.
O dossiê pode ser acessado aqui.