Ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia acredita que o ex-presidente Lula tem mais chances de ir para o segundo turno das eleições de 2022. Em entrevista à "Folha de S. Paulo", ele disse que o alvo prioritário da chamada terceira via tem que ser o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido).
"Só tem um para sair do segundo turno, que é o Bolsonaro. O candidato que está no nosso campo da centro-direita bate no Lula para mostrar que é diferente, mas o adversário é o Bolsonaro, que entrou no nosso eleitor", afirmou Maia, que atualmente é responsável pela pasta de Projetos e Ações Estratégicas do governo de João Doria (PSDB) em São Paulo.
Segundo ele, hoje a eleição está "montada para Lula ganhar" e Bolsonaro se prejudica com a "orgia fiscal", representada pela tentativa de furar o teto de gastos, o que vai causar inflação e aumento de juros, anulando qualquer efeito político da elevação do Bolsa Família.
"Quem está na Crefisa [empresa de crédito pessoal] e no agiota não é o rico. Quem está no mercado paralelo de crédito é o pobre. Ele que vai acabar sentindo o aumento da inflação e dos juros", afirmou.
O ex-presidente da Câmara ainda comparou as equipes econômicas de Lula e de Bolsonaro. De acordo com ele, no primeiro governo "foi muito difícil combater" o petista, porque ele montou com Antonio Palocci uma equipe econômica muito mais convergente com os pensamentos do Centro do que Paulo Guedes.
"O Guedes não tem pensamento, a gente foi enganado. Ele não é liberal, não é nada, é um animador de auditório", disse.
Terceira via para as eleições
A chamada terceira via já tem alguns possíveis candidatos, como Rodrigo Pacheco, que vai se filiar ao PSD de Gilberto Kassab. Já o PSDB fez o primeiro debate das prévias para as eleições de 2022, disputadas entre Arthur Virgílio Neto, ex-prefeito de Manaus, Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, e João Doria, governador de São Paulo.
Ao ser questionado se ficaria "complicado para Doria se diferenciar" caso Lula pendesse mais para um diálogo com o Centro, Maia respondeu que, se "Bolsonaro seguir sendo o adversário dele, Lula vai poder jogar parado" e "não precisará se comprometer com ninguém".
"Se o Bolsonaro começa a se enfraquecer, como eu acho que vai acontecer, e caminhar para menos de 20% das intenções de voto, naturalmente alguém vai ocupar o espaço, porque existe o antipetismo ainda", completou.
Maia já admitiu, em outra ocasião, que "seu sonho" seria unir duas vertentes que até bem pouco tempo se mostravam completamente antagônicas: Doria e o ex-ministro de Lula, Ciro Gomes (PDT).
"O Ciro é um candidato forte. Eu tentei levar o DEM a apoiá-lo. Quando empresários me perguntavam se eu estava maluco, eu dizia que precisávamos construir uma agenda com o Ciro na economia, porque no social não ia ter muita diferença", afirmou.
Para ele, no entanto, o problema de Ciro é a estratégia. Além de não ter espaço com os eleitores da direita que deixaram Bolsonaro, o jogo de enfrentamento a Lula não traz votos da esquerda. "Vai ter que entrar num espaço mais à esquerda, e num campo nosso que respeita ele, como é o meu caso", disse.
Sobre os seus planos para 2022, Maia afirmou que pretende se lançar deputado federal pelo Rio de Janeiro. O partido, porém, ainda não foi decidido.