O cacique Raoni Metuktire, considerado a mais importante liderança indígena viva no Brasil, já definiu seu voto nas eleições de 2022: será no ex-presidente Lula (PT).
Aos 91 anos, após ter contraído Covid-19 e perdido sua esposa no ano passado, o kayapó permanece isolado em sua aldeia na Terra Indígena Capoto Jarina, às margens do rio Xingu, no norte do Mato Grosso, mas concedeu entrevista, na última semana, à ONG Repórter Brasil.
Em meio as críticas a Jair Bolsonaro, Raoni foi perguntado sobre qual presidente ele quer ver no poder. "Eu pensei em Lula. Se o Lula assumir eu estarei lá com ele. Nós vamos começar a trabalhar juntos de novo para que as coisas fiquem certas e todos tenham paz. Todos temos que apoiar Lula para que ele assuma esse cargo para que possamos ter tranquilidade. É isso", declarou o indígena.
Sobre Bolsonaro, que já afirmou que Raoni é "peça de manobra de governos estrangeiros", o cacique disse que o objetivo do presidente é "extinguir" os indígenas e também os homens brancos.
"Bolsonaro está fazendo a coisa errada. Ele quer a extinção de nós, povos indígenas. Ele também pensa em destruir vocês (homens brancos). Isso que ele quer. Ele sempre falou que não vai ajudar ninguém. Nem branco e nem indígena. Eu não aceito", afirmou.
"Bolsonaro tinha falado que ia destruir tudo. Ele sempre falou isso. Eu fiquei escutando e não gostei. As pessoas têm que tirar logo o Bolsonaro para que outro entre no lugar dele. E essa pessoa tem que estar ali para defender o direito de todo mundo e também defender nossos territórios indígenas. Tem uma terra que chama Kapotnhinore que daqui uns anos eu mesmo estarei lá para demarcar, que eu vou focar para demarcar, pois foi onde meus pais nasceram", disse ainda.
Raoni é uma liderança de forte influência mundial. Ele chegou a ser indicado ao Prêmio Nobel da Paz, por iniciativa de ambientalistas e indigenistas. O cacique mantém interlocução com líderes ao redor do planeta, como o papa Francisco e chefes de Estado europeus, como o presidente da França, Emmanuel Macron.
Confira a íntegra da entrevista do indígena ao Repórter Brasil aqui.