Em entrevista ao site Sputnik, Eduardo Fauzi, que até este momento é o único suspeito identificado e detido na Rússia pelo ataque com coquetéis molotov à sede do Porta dos Fundos, em 2019, declarou sobre a autoria do ataque que o "destino bateu à sua porta, e eu atendi ao seu chamado".
A respeito de um possível arrependimento, Fauzi declarou que não há e que sua consciência está tranquila. "Eu sigo aqui (na prisão), absolutamente em paz com a minha consciência e aguardando o juízo da História. Tudo vale a pena quando a pátria não é pequena", respondeu
Para Fauzi a representação de "Jesus Cristo gay é completamente inadmissível sob qualquer ótica que se pretenda analisar. Não existe nenhuma possibilidade de convivência democrática, pacífica e harmoniosa, em uma sociedade plural e multifacetada, como é a brasileira, se nós não tivermos a obrigação institucional de respeitar o que é sagrado ao outro".
Ao Sputnik, Fauzi relatou como se deu a sua prisão. "Eu vim cumprindo um protocolo de segurança que me foi passado por alguns camaradas gregos e que deveria, em tese, me garantir um espaço de manobra, com segurança, pelo prazo de um ano, aproximadamente. No entanto, esse protocolo veio sendo paulatinamente exaurido por agentes ligados à Interpol”, revelou.
Posteriormente, ele explica por que foi viver no interior da Rússia. “A gente considerou que a minha permanência em Moscou era temerária e que eu seria localizado e preso em algum momento entre setembro e outubro. Por isso, eu optei por me refugiar no interior, onde a possibilidade de monitoramento e localização é menor. Eu consegui uma janela de segurança que me permitiu embarcar com tranquilidade em Moscou, mas, devido ao mau tempo, meu voo atrasou, a janela de segurança se fechou e, quando eu desembarquei em Ekaterinburgo, o red notice da Interpol acabou sendo ativado, o que fez com que eu fosse localizado e detido, depois do salão de desembarque, no saguão do aeroporto, pouco antes de tomar um táxi. Um golpe de azar, infelizmente".
Sobre a sua relação com os outros detentos, Eduardo Fauzi revelou que o fato de ter atacado uma produtora que retratou Jesus como homossexual contou a seu favor.
"O fato de eu ter sido preso, sob a alegação de homicídio, contra os patifes que retrataram Nosso Senhor Jesus Cristo como gay, acabou involuntariamente contando em meu favor, já que essa tipificação criminosa acabou me rendendo respeito", disse.
A entrevista completa pode ser conferida aqui.
Itamaraty inicia processo de extradição de Eduardo Fauzi
O Itamaraty confirmou à Globonews, através de fonte graduada do Ministério das Relações Exteriores, nesta terça-feira (7), que iniciou os trâmites para o pedido de extradição de Eduardo Fauzi, um dos suspeitos de participar do ataque à produtora Porta dos Fundos, no Rio de Janeiro.
O Brasil mantém acordo de extradição com a Rússia, onde o suspeito está, desde 2007. O pedido de extradição precisa ser feito pelo Ministério da Justiça.