Sob o governo de Jair Bolsonaro, com Ricardo Salles no Ministério do Meio Ambiente, o Pantanal bateu mais um triste recorde. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que, até a última quarta-feira (23), o total de focos de incêndio chegou a 16.201 e superou o recorde histórico de um ano completo, os 12.536 registrados em todo 2005.
Os números do Inpe mostram outra marca batida. Mesmo sem ter terminado o mês, os 6.048 focos de incêndio registrados em setembro até o dia 23 já superam o recorde mensal anterior. Ele tinha sido em agosto de 2005, com 5.993 pontos de fogo, contabilizados ao longo dos 31 dias daquele mês.
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Mesmo com esses números, que já vinham altos, Bolsonaro fez um discurso para ruralistas na semana passada elogiando sua política ambiental. “Nós estamos vendo alguns focos de incêndio acontecendo pelo Brasil. Isso acontece ao longo de anos”, disse. “Nós somos um exemplo para o mundo”, afirmou então.
Biomassa incendiária?
Salles tem repetido que a proporção dos incêndios deste ano se deve à falta de limpeza - por fogo - nos anos anteriores, o que teria acumulado “biomassa”, responsável pela propagação do incêndio neste ano. A tese é contestada por Thiago Junqueira Izzo, professor e coordenador da pós-graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade, da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT). “Qualquer cientista sério acha essa hipótese risível”, afirmou.
O governo de Mato Grosso informou que cinco perícias realizadas pelo Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional (Ciman-MT) apontaram ação humana como causa da origem das queimadas na região.
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