Em entrevista para meios locais nesta terça-feira (4), o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, preferiu não revelar o paradeiro do rei emérito Juan Carlos I, que fugiu do país neste fim de semana, com destino desconhecido.
O mandatário espanhol, membro do PSOE (Partido Socialista Operário da Espanha), também evitou as perguntas sobre se o seu governo colaborou com a fuga do ex-monarca, cujo reinado durou entre novembro de 1975 e junho de 2014, quando entregou a coroa ao seu filho, o atual rei Felipe VI.
Juan Carlos fugiu da Espanha devido a um processo que responde na Justiça a respeito de uma conta bancária secreta que possuía em um banco da Suíça, financiada com recursos provenientes da Arábia Saudita, ligadas a um esquema de propinas nas obras de uma ferrovia contruída por empresas espanholas, entre as cidades de Meca e Medina.
A investigação também trabalha com a hipótese de que a conta era usada não só para lavagem de dinheiro do esquema de corrupção, como também para financiar as amantes do rei emérito – ao menos duas mulheres que se envolveram com Juan Carlos nos últimos 10 anos.
O atual cenário configura a maior crise da monarquia espanhola desde o fim da ditadura do general Federico Franco, que venceu os republicanos na Guerra Civil Espanhola (1936-1939) e depois se manteve no poder por três décadas, até entregá-lo justamente ao rei Juan Carlos I, em 1975.
A crise também é alimentada pelo crescimento dos movimentos independentistas em duas grandes regiões do norte do país: o País Basco e sobretudo a Catalunha, onde os movimentos nacionalistas insistem em realizar referendos separatistas, e têm até alguns dos seus líderes mantidos como presos políticos.
Os dois movimentos independentistas têm viés republicano, ou seja, desejam criar a República do País Basco e a República da Catalunha, respectivamente, e não novos reinos separados da Espanha.