Isabela Braga Netto, filha do ministro da Casa Civil, general Walter Braga Netto, não é a única. Outros parentes de generais que trabalham no governo, próximos do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido-RJ), também conseguiram cargos bem remunerados no governo.
Isabela, que foi notícia nesta semana, apesar de formada, em 2016, em Design pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), será responsável pela gerência de Análise Setorial e Contratualização com Prestadores na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), com um salário de R$ 13 mil.
Ela se candidatou, no ano passado, a uma vaga temporária na 1ª Região Militar do Exército no Rio, mas não foi aprovada. Tudo, no final, se ajeitou.
A fila do nepotismo continua. Desde novembro de 2019, Adriana Haas Villas Bôas, filha do general Eduardo Villas Bôas, está lotada como assessora do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, comandado por Damares Alves, na Coordenadoria-geral de Pessoas com Doenças Raras.
Segundo o Portal da Transparência, a filha do general – que também possui cargo no governo, como Assessor Especial do Gabinete de Segurança Institucional – está categorizada em uma função DAS 101.4. O Salário bruto recebido por ela é de R$ 10.373,30. O pai recebe R$ 13.623,39 na função DAS 102.5.
O privilégio, no entanto, não se resume às filhas. Dois filhos de generais também estão bem contratados pelo governo do capitão. O único descendente direto do secretário-geral do Ministério da Defesa, o almirante de esquadra Almir Garnier Santos, o advogado Almir Garnier Santos Junior, foi contratado pela Emgepron em 29 de julho de 2019. A contratação ocorreu no segundo semestre do governo de Bolsonaro, seis meses depois do pai ser alçado ao segundo posto de comando da pasta, sendo o principal substituto do Ministro Fernando Azevedo.
Junior foi contratado para a função de “assessor-adjunto de Compliance e Integridade Corporativa (Compliance Officer)”, com salário de R$ 10,9 mil mensais. Neologismo usado no mundo empresarial, o compliance é uma ação de cumprimentos de normas e regras estabelecidos por uma instituição.
O mais bem situado de todos, até agora, é Antonio Hamilton Rossell Mourão, filho do vice-presidente Hamilton Mourão, que virou assessor especial do presidente do Banco do Brasil.
Com o novo cargo, ele mais que triplicou seu salário, passando a ganhar R$ 36,3 mil por mês. A nova função equivale a um cargo de executivo.
Rossell Mourão é funcionário de carreira do banco há 18 anos e vinha atuando há 11 anos como assessor na área de agronegócio da instituição. Seu salário era cerca de R$ 12 mil mensais.
Na presidência, continuará exercendo a mesma função mas aconselhando o presidente do banco, Rubem Novaes, diretamente.
Em janeiro, uma ação popular foi protocolada pedindo que a Justiça barrasse a nomeação de Rossell Mourão. O filho do vice-presidente pensou em desistir do cargo, mas foi desencorajado pelo pai. “Eu disse pra ele: ‘Não, meu filho, isso aí é mérito seu e acabou, pô’”, disse o general em entrevista.