Convidado do programa Roda Viva desta segunda-feira (23), o professor, jurista e filósofo Silvio Almeida apontou a responsabilidade dos meios de comunicação no racismo no Brasil. No programa da TV Cultura, ele debateu a onda de protestos antirrascistas no mundo e disse que a meritocracia não tem lugar em uma sociedade profundamente desigual como a brasileira.
"Os meios de comunicação são absolutamente coniventes com a construção do imaginário social do negro nesse lugar subalterno", disse Almeida, ao ser perguntado sobre o tema. "Não existiria a possibilidade de você ter um racismo estrutural e sistêmico se não houvesse, dioturnamente, reprodução nos meios de comunicação de esteriótipos de pessoas negras, se não houvesse programas de televisão que naturalizam toda hora o assassinato, a morte, a condição do negro como bandido", completou.
Autor de obras sobre filosofia, racismo e consciência de classe -- entre elas, “Racismo Estrutural” --, Almeida discutiu a onda de protestos antirracistas que varre diversos países, desde o assassinato de George Floyd nos Estados Unidos, por um policial branco.
Para o professor, os protestos são uma resposta a "tempestade perfeita". "O racismo é algo que se não tratado compromete justamente tudo aquilo que nós devemos lutar, que é democracia, desenvolvimento econômico. (...) O racismo é algo que se infiltra na vida social", disse.
Questionado sobre meritocracia, o professor respondeu considerar que não há espaço para o sistema no Brasil.
“Quando você está falando de uma sociedade profundamente desigual, como você vai medir meritocracia? [...] Como a gente pode falar de meritocracia num país que mata um menino de 14 anos que só queria estudar, dentro de casa?”, afirmou.