O neoliberalismo tem provocado uma das maiores crises agrárias da história da Índia, e um indício dessa realidade foi a chamada Kisan Long March, ou “Longa Marcha Camponesa”, realizada em março de 2018, e que mobilizou mais de 50 mil agricultores indianos contra o governo de Narendra Modi.
Um dos líderes daquela iniciativa foi Vijoo Krishnan, secretário-adjunto da AIKS (sigla em inglês da União Nacional de Camponeses da Índia), que vai além em suas críticas, e cita números que são assustadores.
Segundo a AIKS, cerca de 400 mil camponeses indianos cometeram suicídio no país desde 2014, quando os governos indianos passaram a adotar os modelos econômicos neoliberais. “Os custos de cultivo da terra aumentaram, sem nenhum tipo de seguridade social, pagamento antecipado ou compras pelo Estado”, comenta Krishnan, para explicar esses números, em entrevista para o Brasil de Fato.
Além disso, os números da AIKS também podem estar defasados, e o problema pode ser ainda mais grave, já que em 2014, no primeiro ano de mandato de Modi, o número de suicídios aumentou 42%, e, desde então, o governo de extrema-direita decidiu não divulgar novas estatísticas oficiais a respeito.
Mas há outros índices tão impactantes quanto este primeiro. “Em todo o país, todos os anos, cerca de 21 mil crianças morrem antes de chegar aos cinco anos de idade. devido à má nutrição”, lamenta o líder dos agricultores.
“De um lado, a classe dominante está tentando vender a imagem de uma Índia digital, integrada à era da tecnologia. Do outro, temos crianças morrendo de fome e sofrendo com a desnutrição em diferentes partes do país. É um quadro semelhante ao que tínhamos durante o império britânico” completa Krishnan.