Pesquisadores da ASTMH (sigla em inglês da Sociedade Americana de Medicina e Higiene Tropical) alertaram para a identificação de ao menos 3 casos registrados na Bolívia, neste 2020, de pessoas infectadas com o vírus chapare, um arenavírus conhecido desde 2004 e que causa problemas similares aos do ebola, como febre hemorrágica, dor de cabeça, desconforto abdominal, erupções cutâneas e falência de órgãos.
A entidade também afirma que as autoridades sanitárias, tanto na Bolívia como a nível mundial, devem prestar mais atenção a este vírus, pois considera que ele tem potencial para se tornar epidêmico, devido às evidências de que pode ser transmitido entre humanos.
O primeiro caso do vírus foi identificado na Bolívia, na região de Chapare, zona central do país, de onde vem o nome pelo qual é conhecido.
Apesar de não ser uma novidade, há pouca informação precisa sobre o vírus. Por exemplo, desde 2019 até hoje, a Bolívia só registrou oficialmente 8 casos de pessoas infectadas, das quais 5 terminaram falecendo – e 4 desses infectados eram profissionais da saúde, dos quais 2 se tornaram vítimas fatais.
No entanto, alguns especialistas consideram que os números reais devem ser muito maiores, devido à falta de registros mais confiáveis das autoridades sanitárias da Bolívia e porque o diagnóstico da doença não é fácil de se identificar, já que muitos dos seus sintomas se assemelham muito aos da dengue, doença que também é muito comum nesse país.
Porém, o que causa mais alerta entre os cientistas é a evidência de que o chapare pode ser transmitido de um humano a outro, o que o diferencia da maioria dos arenavírus, que costumam ser disseminados através de um vetor ou de contato com fluídos ou excrementos de outros animais.
No entanto, também há cientistas que não acreditam no potencial do chapare de se tornar uma epidemia tão mortal quanto a do coronavírus, pois se trataria de uma espécie de vírus muito vulnerável ao calor e a qualquer tipo de desinfetante, o que tornaria improvável sua propagação a nível global.