Em entrevista neste domingo (15) logo depois de votar, em São Bernardo do Campo (SP), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o PT deu a Jilmar Tatto a decisão sobre se o partido daria ou não apoio ao candidato Guilherme Boulos (PSOL) já no primeiro turno das eleições à Prefeitura de São Paulo.
A presidenta do partido, Gleisi Hofmann, procurou o candidato para saber o que ele pensava do assunto. Segundo Lula, ela foi “demandada” para isso, mas não deixou claro quem teria feito o pedido. Gleisi disse que a decisão dependia única e exclusivamente dele. E, na conversa, Tatto disse que era e iria continuar candidato. Para o Lula, a atitude de Gleisi foi a correta, ao procurar o concorrente do partido depois de ser demandada. “Acho que foi atitude soberana dele de dizer que não ia retirar candidatura.”
Na última pesquisa do Datafolha, divulgada neste sábado, Boulos apareceu com 17% das intenções dos votos válidos, na segunda colocação da disputa, liderada pelo atual prefeito Bruno Covas (PSDB), com 37%. Tatto marcou 6% das intenções de votos válidos.
Lula lembrou que não pôde votar em 2018 e afirmou estar com orgulho e alegria voltando a exercer seu direito. Ele declarou voto em Luiz Marinho, o candidato do partido à Prefeitura de São Bernardo, onde mora.
PT fortalecido
Para Lula, essas eleições serão históricas para o partido, que deve sair fortalecido. “Nós temos que comparar a campanha do PT deste ano a 2016, que foi o período mais massacrante que o PT passou em toda a sua história.”
No entanto, ele não se arriscou a estimar um número de prefeituras que o partido pode conquistar nesse domingo.
O ex-presidente avalia que a legenda conseguiu mostrar seu legado ao longo da campanha. “A gente mostrou que qualquer prefeitura, qualquer estado governado pelo PT faz a diferença.”
Bolsonaro não é civilizado politicamente
Para Lula, a campanha também serviu para marcar as críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Ele considera que o resultado de 2018 não era esperado. “A sociedade poderia votar em pessoas que fossem de direita, mas fossem pelo menos civilizadas. E em 2018 o povo escolheu alguém que não era civilizado politicamente”, afirmou.
“Isso parece que faz parte do vírus que tomou conta da política brasileira e da norte-americana”, continuou Lula. “Porque o Trump ter a votação que teve também demonstra que uma parcela da sociedade anda meio conturbada ideologicamente.”