Lado B | Edição Nº 2 - Bebianno se tornou refém de Moro e laranja de Flávio Bolsonaro

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Exclusivas da Fórum

Bebianno, refém de Moro e laranja de Flávio Bolsonaro O laranjal está tão adensado que cada dia fica mais difícil entender o que acontece no PSL. Não porque existe complexidade nas relações entre os diferentes atores que dominam a sigla usada para completar o golpe iniciado com o impeachment de Dilma. Mas porque aparecem cada vez mais peças num quebra-cabeça que vai se tornando ao mesmo tempo vergonhoso e, por que não, também um tanto divertido, escreve o editor da Fórum, Renato Rovai. Ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, um dos cargos que exigem maior proximidade com o presidente, Gustavo Bebianno é o nome da vez. Vai dar pano para manga essa história. Crises contínuas Independente do destino que tomar o caso Bebianno, a oposição já articula sua convocação ao Congresso. Além dele, o ministro Augusto Heleno também é alvo de requerimento para explicar suspeita de espionagem por parte da Abin a religiosos católicos brasileiros, informa o jornalista George Marques, da Sucursal de Brasília. Como a maioria de deputados do PSL são novatos, a desorganização do partido do presidente é vista com uma preocupação adicional por agentes do mercado, e também militares, que temem a contaminação e o atraso na tramitação da Reforma da Previdência, a ser enviada ao Congresso na próxima semana. Matéria de George Marques mostra que deputados do PSL estão com dificuldade até de se adaptar às regras regimentais da Câmara. Nesta semana, durante as votações de projetos e medidas provisórias, o quórum das votações demorou a subir porque eles não entendiam o porquê que a orientação do partido às vezes era pra votar “Sim” e outras “Não”. Um debate atrasado Infelizmente, o debate sobre a criminalização dos crimes de ódio contra as LGBT chega com quase 20 anos de atraso ao STF. Para o colunista da Fórum Marcelo Hailer, os motivos são vários: “completa inanição do Congresso Nacional, má vontade generalizada da esquerda para com a questão e equívocos sistemáticos dos governos do PT. Além do mais, a própria mentalidade de parte do movimento LGBT mudou quanto à eficácia da criminalização da homofobia”. Mas e agora? “O fato é que não adianta chorar o leite derramado. É importante que o STF discuta os crimes de ódio contra as LGBT? Claro, pois, traz a pauta para toda a imprensa, tem o fator pedagógico, tira do armário as figuras odiosas e resgata as mentiras em torno da criminalização da homofobia.” Reedição do nazismo O deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), que destruiu placa de Marielle, apresentou na Câmara dos Deputados dois projetos de lei que preveem a doação compulsória de órgãos e tecidos. Para o parlamentar, essas pessoas teriam uma “dívida moral em relação a sociedade”. Daniel não esclarece por que o morto com indícios de violência teria essa “dívida”. “Inaceitável” e “reedição do nazismo” foram avaliações de especialistas na área de direitos humanos consultados pela Fórum. “Isso é inaceitável. Vai gerar mortes encomendadas de pessoas pobres, jovens, moradores da periferia. Alguém precisa de um fígado, um rim ou um coração vai contratar policiais pra matarem alguém. É um estímulo à violência da polícia, tipo ‘salve uma pessoa de bem matando um bandido’”, disse à Fórum o advogado Ariel de Castro Alves, especialista em direitos humanos pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo e membro do Conselho Estadual de Direitos Humanos do estado. “É uma proposta esdrúxula de um deputado violento e inexpressivo que quer obter visibilidade à custa de propostas toscas”, afirmou Felipe Freitas, doutorando em direito pela Universidade de Brasília (UnB). Para ele, a regra de disponibilidade de órgãos, mesmo pós-morte, é o respeito à vontade da pessoa. “Qualquer coisa diferente disso é reeditar sistemas perversos na história da humanidade como o nazismo.” Lula preso e Moro, ministrohistoriador Rodrigo Perez Oliveira, colunista da Fórum, relaciona a prisão de Lula ao projeto de desmonte do Estado brasileiro, “muito antigo e que sempre foi rejeitado pela opinião pública”. “Por isso, o sucesso de Paulo Guedes depende da confusão mental da maioria da população. O governo precisa de uma nuvem de fumaça densa, capaz de confundir os sentidos daqueles que mais precisam da ação protetora do Estado. Por isso, Sérgio Moro é o ministro da Justiça. Por isso, Lula está preso. Uma coisa está diretamente ligada à outra.” .

Ainda vale a pena....

Nesta seção destacamos matérias que circularam na Fórum durante o dia de ontem, mas que merecem ser lidas. Crime em Brumadinho O presidente da Vale do Rio Doce, Fabio Schvartsman, esteve na comissão externa da Câmara dos Deputados sobre Brumadinho, onde chamou de acidente o crime em Brumadinho e disse que a mineradora é uma “joia”, como informou a repórter da Sucursal da Fórum em Brasília, Mariana Branco. “A Vale é uma joia brasileira, que não pode ser condenada por um acidente que aconteceu em uma de suas barragens, por maior que tenha sido a tragédia”, disse. Imagem do fotógrafo Lula Marques mostra que, em minuto de silêncio pelos mortos de Brumadinho, o presidente da Vale foi o único a não se levantar. Mourão e Dino O vice-presidente Hamilton Mourão continua dando sinais de distanciamento de Bolsonaro. Depois de se encontrar com dirigentes da CUT, defender a saída do ex-presidente Lula para ir ao enterro de seu irmão Vavá e sair em defesa de Chico Mendes, ele se reuniu com o único governador comunista do Brasil, Flávio Dino (PCdoB) do Maranhão. Dino tem buscado manter uma posição institucional com o governo federal a fim de alavancar investimentos para o Maranhão, informa o jornalista George Marques, da Sucursal da Fórum em Brasília. Cultura, uma necessidade humana O ex-ministro da Cultura, Juca Ferreira, reagiu indignado ao anúncio, vindo do Twitter do próprio presidente Jair Bolsonaro, de que o governo vai “revisar” os recursos da Petrobras para a cultura. Entrevistado pelo editor de Cultura da Fórum, Julinho Bittencourt, Juca Ferreira lembrou que “a cultura é uma necessidade humana como é alimentação, moradia, saúde e educação”. “O neoliberalismo não entende a complexidade da sociedade e suas necessidades e demandas. Reduz tudo ao fato econômico. E esse governo não mostra muito compromisso com as pessoas. É um governo que representa os interesses do capital financeiro e das grandes empresas”, lamenta. Onze meses sem Mariellecolunista da Fórum Monica Benicio, viúva de Marielle Franco, relata os onze meses de luto após a barbárie da noite do 14 de março do ano passado. “Não é fácil. Expor a dor constante é difícil. Não há remédio, terapia, abraços, olhares que supram a ausência.” Ela convoca a todos para ocuparem as ruas daqui a um mês, dando as mãos e exigindo justiça. “Por Ela, por nós!”

Da vizinhança

Internet livre Saiu o podcast Tecnopolítica, do professor da UFABC Sergio Amadeu da Silveira. Ele conversa com Flávia Lefèvre, advogada, conselheira do Comitê Gestor da Internet no Brasil, integrante da Coalização pelos Direitos na Rede, sobre a importância da defesa de uma internet livre, sem quebra de neutralidade, sem restrição de franquias e que tenha seu acesso universalizado. Obscurantismo Daniel Tourinho Peres, professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal da Bahia, conta a experiência de assistir a uma aula de Olavo de Carvalho sobre o texto “O que é a Ilustração”. "São tantos os absurdos ditos por Olavo de Carvalho sobre Kant, que chega a ser difícil comentar. Seu objetivo: atacar a democracia, a liberdade e a diversidade", diz em artigo publicado no Le Monde Diplomatique Brasil. Mulheres na Ciência "Quem nunca ouviu dizer que 'meninas não são boas em matemática'? Quem não conheceu uma menina que acreditou nisso? Lugares comuns como este, fazem parte de práxis de exclusão de mulheres e meninas de determinados domínios que, implicitamente, se pressupõe, devem ser reservados a homens e meninos." Vale a pena ler o artigo da pesquisadora Néri de Barros Almeida no site da Unicamp.

De fora

Trump e o muro Donald Trump quer declarar emergência nacional para financiar a construção do muro na fronteira com o México, segundo o El País. A oposição a Trump havia aceitado liberar US$ 1.375 bilhão para a confecção de cercas e outras medidas de proteção na fronteira. O valor está bem abaixo dos quase US$ 6 bilhões solicitados por Trump para o muro, não aprovados pelo Congresso.

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