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Um campeonato esportivo entre estudantes de Direito de universidades terminou com a vitória de alunos da Pontifícia Universidade Católica (PUC) no último domingo. Contudo, ainda durannte o final de semana, acusações de racismo contra alunos da instituição tomaram conta dos bastidores do evento. Em um vídeo que circula na web, estudantes da Uiniversidade Federal Fluminense (UFF) protestam em uma das quadras onde acontecia o Jogos Jurídicos, em Petrópolis, Região Serrana do Rio. Segundo as acusações, os adversários eram recebidos pela torcida da PUC com gritos de macaco e sons que imitavam o guincho do animal.
Além da desclassificação, a PUC foi afastada por um ano pela organização do evento esportivo. O campeonato foi encerrado sem que um campeão fosse declarado. "Essa foi uma exigência do movimento de estudantes negros. Essa é uma dor que está doendo na gente profundamente. Eu estou há dois dias sem dormir direito. Foi muito grave o que aconteceu", disse a estudante de Direito da Uerj Raiza Uzeda, do coletivo Jogos Sem Racismo. "Esses jogos de 2018 foram os jogos da vergonha. Não havia a menor possibilidade de um campeão ser declarado. Todas as universidades têm um histórico de racismo nesse campeonato e é preciso que isso pare de uma vez", completou.
O caso foi registrado na 105ª DP (Petrópolis) por estudantes da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Os estudantes da instituição são reincidentes em casos envolvendo injúria racial.
Atitudes racistas começaram no sábado
Segundo os estudantes, o primeiro caso de racismo nos Jogos Jurídicos deste ano aconteceu no sábado. Estudantes da PUC atiraram uma casca de banana contra um atleta negro da Universidade Católica de Petrópolis (UCP). Em outra competição, de andebol, uma aluna da UFF foi chamada de macaca. Uma multa de R$ 500 foi aplicada e a torcida proibida de entrar no ginásio por um jogo. Para os integrantes do coletivo de alunos negros, a medida foi insuficiente e a consequência foi o agravamento da tensão e das injúrias raciais.
"A multa foi de um valor irrisório e ressalto que a organização sempre foi contra a punição. Tivemos que pressionar de uma forma absurda para que fossemos minimamente atendidos", disse, Ana Carolina, também integrante do Jogos Sem Racismo. "Impediram os alunos da PUC de assistirem a um jogo sem nenhum apelo. A punição não significou nada pra eles", reiterou Raiza Uzeda.
No domingo, cerca de 40 estudantes do coletivo Jogos Sem Racismo protestaram contra o racismo nos Jogos com gritos de "A PUC é racista". De acordo com os integrantes do movimento, na saída da quadra, houve um encontro do grupo com os alunos da universidade católica que imitaram o gestual e o som de macacos, batendo no peito. "O modo como a Liga Universitária (organizadora dos Jogos) lidou com o primeiro caso, colocando panos quentes, colaborou com o escalonamento dos episódios que são consequência de uma estrutura social racista", disse o aluno de Direit Thiago Bonfim. "É importante buscar quem cometeu esses atos. Mas reduzir esses atos a condutas individuais e não tentar mudar a estrutura que gera isso, será enxugar gelo", completou.
"Hoje, depois do que podem ter sido os quatro mais dolorosos dias de nossas vidas enquanto negros estudantes de Direito, pudemos começar a fazer justiça com nossos atletas, torcedoras e torcedores agredidos. Esperamos ao menos que essa dor descomunal se revele uma oportunidade para que TODAS as Faculdades de Direito repensem suas práticas e tornem os Jogos um ambiente mais inclusivo", escreveu em nota o coletivo Jogo sem Racismo.