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"Recentemente tive minhas redes sociais hackeadas, ou de alguma forma, alienadas de meu uso. Postagens absurdas foram publicadas em meu nome, sem que eu tivesse qualquer controle sobre isso. Aliás, por diversas vezes sinto que perdi o controle não apenas das minhas redes sociais mas também da minha vida após decidir que não ficaria mais calada". Leia mais no novo artigo de Patrícia Lélis
Por Patrícia Lélis
Queridos haters, a minha vida se tornou algo que eu jamais imaginei que se tornaria, e decidi encarar o que o destino me trouxe de cabeça erguida.
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No meio dessa caminhada já cai e levantei diversas vezes, já passei noites em claro, já escutei palavras duras e que quebraram o meu coração daquele que eu jurei que sempre estaria comigo, já me escondi de baixo da pia do banheiro ou da mesa para ninguém me ver chorando. Sim, eu sou uma mulher de 23 anos que aos 22 escolheu não aceitar mais ficar calada sobre um abuso e tive a minha vida toda vasculhada, questionada e exposta, e vocês sequer questionaram o homem que fez isso comigo.
Eu não escolhi a política, mas sim a política me escolheu. E eu aceitei de cabeça erguida tudo que o destino me trouxe. Recentemente tive minhas redes sociais hackeadas, ou de alguma forma, alienadas de meu uso. Postagens absurdas foram publicadas nas minhas redes sociais, em meu nome, sem que eu tivesse qualquer controle sobre isso. Aliás, por diversas vezes sinto que perdi o controle não apenas das minhas redes sociais mas também da minha vida após decidir que não ficaria mais calada.
A pessoa, ou as pessoas que fizeram isso, cujos nomes eu ainda desconheço, os senhores violadores de contas de redes sociais alheias e também da minha privacidade, serão investigadas e demonstram muito ódio a mim. No lugar dos meus textos, apenas mentiras a meu respeito e mensagens de violência contra mim, contra as mulheres. Mensagens de ódio. Porque essas pessoas, ou essa pessoa, me odeia? Porque perde tempo fazendo montagens ou dizendo que eu devo ser estuprada? Quem essa pessoa pensa que é para dizer a uma mulher que ela deva ser violada?
Explique-me, por favor. Eu mereço ser violada? Por quê? Porque sou gostosa segundo vocês? Não, nenhuma mulher merece ser violada. Nem o que você chama de gostosa. Aliás, somos todas gostosas, lindas, meigas e fofas, e nenhuma de nós merece ser violada. Explique-me: eu sou uma mulher e você parece não saber distinguir o bem do mal e o que devo ou não aceitar porque, além de mulher, você me classifica como imoral, como um pedaço de carne à sua disposição, ou a disposição alheia. E eu estou apenas à minha disposição. O meu corpo é meu, e eu não permito que você me viole como fez com minhas redes sociais.
Toda mulher tem uma história de abuso para contar. Eu passei dias difíceis nas últimas semanas, chorando, mas não veto mais nenhuma lágrima. Chorar não é errado, e às vezes é necessário limpar a alma. Você violou minhas redes sociais. Violou o meu nome na rede. Mas, não vai violar a minha alma, nem a sororidade das minhas companheiras. Algo que aprendi nos últimos tempos: SORORIDADE. A partilha, irmandade entre mulheres em várias dimensões eque expressa que "não somos concorrentes, somos irmãs". Estamos umas ao lado das outras. Acreditamos que mulheres são pessoas que merecem respeito, ao contrário de você, senhores violadores de contas de redes sociais e vidas alheias.
À todas as pessoas que estiveram comigo nesse momento difícil eu quero deixar o meu eterno agradecimento e respeito. Aos que me falaram palavras duras e pesadas devido ao conteúdo espalhado na internet, agradeço também. A vida me trouxe um livramento. Às mulheres que de alguma forma são violadas ou desrespeitadas e tem conteúdos privados postados na internet, gostaria de deixar meu sentimento de força, eu sei o quanto é difícil passar por isso. Lembre-se sempre que a a vida nos dá um novo dia, um novo sol, um novo amor, um recomeço. E jamais tenham vergonha de dizer ao mundo que você não merece ser desrespeitada.
E aos queridos haters e homens abusadores que de alguma forma tentam todos os dias me derrubar e difamar, gostaria de dizer a vocês que vão ter que se planejar melhor, pois meu sobrenome nessas horas é resiliência.