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Ao todo, 26 jovens, sendo 5 menores, foram detidos antes do ato "Fora Temer" em São Paulo e encaminhados ao Deic. Lá, passaram mais de 12 horas sem qualquer tipo de comunicação e foram ouvidos sem a presença de advogados. Agora, devem ser encaminhados para o Fórum da Barra Funda para uma audiência de conciliação e podem ser presos por "associação criminosa". Ex-senador Eduardo Suplicy, que teve contato com os jovens, pede conversa com Alckmin para tratar do assunto
Por Ivan Longo
Após mais de 20 horas detidos, os vinte e seis jovens que estavam no Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) deixarão o local para passar por uma audiência de custódia, no Fórum da Barra Funda. Há ainda entre os jovens cinco menores que devem ser encaminhados para o Fórum da Infância e Juventude, no Brás. Todos correm o risco de serem presos por "associação criminosa".
De acordo com os delegados Dr. Fabiano e Dr. Carlos Eduardo, que ouviram os jovens, eles foram detidos por, supostamente, estarem planejando "atos de violência" ao longo do ato. Vinte e um deles foram detidos em frente ao Centro Cultural São Paulo, por volta das 15h, e os outros cinco em frente ao Masp, às 17h, antes mesmo de o protesto começar.
Segundo a polícia, os jovens estariam portando pedras nas mochilas, informação que eles negam. Um deles diz que nem tinha mochila, e que plantaram uma barra de ferro ao lado dele. Os materiais encontrados foram: máscara de gás, gaze, vinagre, bandanas - utilizados, normalmente, para minimizar os efeitos das bombas de gás lançadas pela polícia.
De acordo com o advogado ativista Hugo Albuquerque, os jovens, incluindo os menores, passaram horas sem qualquer tipo de comunicação e os advogados foram impedidos de acompanhar o caso. Os detidos teriam, portanto, sido ouvidos pelos delegados sem a presença de advogados ou defensores, o que é ilegal. Os advogados só foram autorizados a falar com os jovens depois que chegaram ao local o ex-senador Eduardo Suplicy e o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP).
Suplicy, que conversou com os jovens, acredita que houve exagero na conduta da PM e exige, ainda para esta tarde, uma conversa com o governador Geraldo Alckmin para tratar do assunto.
Confira abaixo a íntegra da mensagem de Suplicy enviada ao governador.
Excelentíssimo Senhores, Governador Geraldo Alckmin e Secretário de
Segurança do Estado de São Paulo, Mágino Alves Barbosa Filho,
Na noite do dia 04 para o dia 05 de setembro estivemos na sede do DEIC,
ocasião em que conversamos com os delegados Dr. Fabiano e Dr. Carlos
Eduardo, os responsáveis pela escuta dos 26 jovens que foram detidos
ontem em função de terem se reunido com a finalidade de realizarem
ações que, na compreensão dos delegados, seriam caracterizadas por
atos de violência. Em realidade, em nenhum momento aqueles jovens,
rapazes e moças, dentre os quais alguns menores, realizaram qualquer
ato de violência contra pessoas, próprios privados ou públicos. Em
que pese muitos de seus pais e advogados terem ali chegados por volta
das 18 horas, tiveram enorme dificuldade de contatar seus filhos e
filhas. Os delegados permitiram que conversássemos com aqueles rapazes
e moças por mais de 1 hora, por volta de 1:30 da madrugada. Por todos
os detalhes que ouvimos, consideramos um exagero a conclusão dos
delegados que aqueles jovens iriam participar de ações violentas no
protesto que se realizou a partir das 16:00 desde a Avenida Paulista, na
altura do MASP, até o Largo da Batata, em Pinheiros, pois a
manifestação foi inteiramente pacífica e aqueles jovens nos
asseguraram que se tivessem a oportunidade de participarem da
manifestação também teriam agido pacificamente. A sua prisão
entretanto ocorreu por volta das 15 horas no Centro Cultural Vergueiro,
de 21 deles e de 5 outros, todos menores, no Parque Siqueira Campos, em
frente ao MASP.
Gostaríamos muito de na tarde de hoje fazermos uma visita a vossas
excelências para conversarmos a respeito de tudo que observamos.
Ficamos no aguardo de sua comunicação
Em breve, mais informações.
Foto: Cauê Ameni