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O documento aponta que a gestão atual da Universidade de São Paulo está realizando realizando uma parceria com a empresa internacional de consultoria McKinsey&Company para “criar um novo modelo de captação de recursos e gestão de orçamento para a universidade”. A reitoria assumiu as reuniões, mas nega que haja conversas sobre o aumento de mensalidade
Por Victor Labaki
Uma denúncia feita de forma anônima para a ADUSP (Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo) revelou um plano até então sigiloso da atual reitoria da USP, sob a gestão de Marco Antônio Zago. O documento apresentado diz que a universidade estaria realizando uma parceria com a empresa internacional de consultoria McKinsey&Company para “criar um novo modelo de captação de recursos e gestão de orçamento para a universidade”.
Através de um “Termo de Doação de Serviços” a empresa apresentou um plano de 20 de semanas de trabalho em que estaria se discutindo, entre outras coisas, uma "possível mudança de legislação, bem como uma possível cobrança de mensalidade em cursos oferecidos pela USP”. A denúncia ainda aponta que já foram realizadas reuniões entre representantes da McKinsey e da USP.
"Pela magnitude, complexidade e grau de desenvolvimento do projeto em questão, entendemos que se trata de tema de interesse não apenas de toda a comunidade USP, mas de todo cidadão, cabendo à Reitoria agir com transparência e com o devido respaldo de seus órgãos colegiados”, diz o texto da denúncia.
Depois da divulgação do conteúdo da denúncia, a reitoria da USP assumiu por meio de uma nota que está se reunindo com a empresa para desenvolver o projeto chamado de “USP do Futuro”. No texto eles explicam que os custos desse projeto estão sendo pagos por ex-alunos da Universidade.
"O acordo de cooperação e outros documentos foram assinados pela USP e demais participantes seguindo a tramitação de rotina e com a aprovação dos órgãos competentes da Universidade", diz o texto.
Eles assumem, inclusive, que o projeto foi apresentado ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), no dia 5 de setembro.
"O programa está em sua etapa inicial de diagnóstico, que envolve entrevistas com gestores, dirigentes, ex-alunos, entre outros representantes da Universidade. À medida que se desenvolva, está prevista a ampliação do espectro de colaboradores e participantes. Nesse contexto, a iniciativa também foi apresentada ao governador Geraldo Alckmin, em audiência realizada no dia 5 de setembro".
No entanto, o texto elaborado pela reitoria da USP chama de "boato" o possível aumento de mensalidade e que a referência é "descabida".
"A USP esclarece, ainda, que não tem qualquer fundamento o boato de que o projeto inclua a cobrança de mensalidades nos cursos. A referência é descabida, já que esta é uma matéria regida pela Constituição Federal", completam.
Para o ex-presidente da ADUSP e membro do conselho jurídico da associação, professor Ciro Correia, a resposta da reitoria não se posiciona contra a cobrança de mensalidade.
"A nota da reitoria indica nessa direção porque ela não diz que ela é contra a cobrança de mensalidade e que de fato a gratuidade é importante para garantir o acesso ao ensino. Ela diz que ela não está fazendo porque não é compatível com a constituição", disse.
Para ele, a nota da reitoria só esclarece de fato que a atual gestão vinha realizando reuniões sem o conhecimento da comunidade acadêmica.
"O que eu acho que é importante destacar a partir da nota que ela publicou e mandou para todos os docentes é de que ela está tentando encobertar que efetivamente vinha fazendo essa movimentação toda de forma sigilosa", afirmou.
A partir da denúncia, a ADUSP redigiu um documento exigindo respostas por parte da reitoria sobre o conteúdo dessas conversas com a empresa McKinsey. Até agora a associação não obteve nenhuma resposta.