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Em discurso, presidenta criticou o clima de ódio e intolerância estabelecido no país e defendeu a arrecadação de tributos para que "o povo não pague o pato", em uma referência indireta à campanha da Fiesp, uma das principais apoiadoras do impeachment
Por Redação
A presidenta Dilma Rousseff lançou, no início da tarde desta quarta-feira (30), a terceira fase do programa Minha Casa, Minha Vida no Palácio do Planalto, em Brasília. Na presença de ministros e lideranças de movimentos sociais de moradia - como Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) - ela discursou para uma plateia de centenas de pessoas sob os gritos de "Não vai ter golpe".
Em sua fala, a presidenta voltou a afirmar que, ainda que esteja previsto na Constituição, o impeachment sem crime de responsabilidade configura um "golpe".
"Impeachment sem crime de responsabilidade é o que? É golpe. [...] Não adianta discutir se o impeachment está ou não previsto na Constituição. Está, sim. Sem crime de responsabilidade ele é passível de legalidade e legitimidade. E aí o nome é golpe", disse, lembrando que as contas públicas de 2015, principal foco do processo de afastamento pelas chamadas "pedaladas fiscais", só serão analisadas em abril pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
"O que está [sendo investigado] são as contas de 2015. Ora, as contas de 2015 só serão apresentadas em abril. Não foram julgadas pelo TCU, tampouco pelo Congresso Nacional. Que processo é esse? É um processo golpista", afirmou.
Tomando como gancho o lançamento da nova fase do Minha Casa, Minha Vida, Dilma defendeu também os programas sociais e rebateu ainda os que fazem críticas a seu governo por conta de tributos e subsídios, em uma referência indireta à campanha "Não vou pagar o pato", da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) - uma das principais apoiadoras do impeachment.
"Os tributos são fundamentais para o povo não pagar o pato. Temos orgulho de subsidiar porque sabemos que a conta do bolso do trabalhador brasileiro, dos quilombolas, não fecha", disse. Dilma também criticou o clima de ódio e intolerância que foi instaurado no país e saiu em defesa de minorias que ainda sofrem preconceito no Brasil, como negros e mulheres.
"Não agridem a mim simplesmente. Não é só a mim que pretendem atingir. Eu lamento que se crie na sociedade brasileira um clima de intolerância e ódio. Eu acho que isso é imperdoável. O Brasil é um país que gosta do diálogo, do convívio. Ora, ressentimento, preconceito é algo que tínhamos passado ao largo apesar do preconceito contra os negros do nosso país, que temos de enfrentar", pontuou.