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Se não houver alguma sinalização em direção aos "não mobilizados", tende a ser mantida a passividade, exatamente, no seio da base social que apoiou Lula e Dilma na última década. E aí, o que prevalecerá é a mobilização da Avenida Paulista
Por Vinicius Wu
Uma análise preliminar dos protestos:
1. Os protestos são expressivos, obviamente, e não devem ser minimizados de forma precipitada. Porem, não houve mudança no perfil social dos manifestantes. A base social do impeachment segue a mesma;
2. Tirando os trogloditas e os irracionais, a direita organizada tem consciência da necessidade de ampliar o espectro de apoio ao impeachment;
3. Os estrategistas da direita sabem que interromper a normalidade institucional apenas com base na mobilização da classe média é um risco.
4. Eles podem consumar o golpe mesmo assim? Podem! Mas ninguém garante estabilidade ao próximo governo nesses termos. Essa é a questão chave em relação aos protestos.
5. Todos sabemos que o impeachment não será decidido, somente, nas ruas. As ruas falam sobre sua legitimidade. E o perfil segue o mesmo de antes: é a classe média tradicional quem está indo às ruas. Diversas pesquisas foram realizadas a respeito do perfil dos manifestantes. Não é necessário reproduzi-las aqui.
6. Portanto, a grande questão não é saber se os protestos foram maiores ou menores hoje. A questão é se ampliaram socialmente. E isso não ocorreu;
7. O povo pobre segue assistindo pela TV. O problema é que não vamos mobiliza-los com a atual orientação de governo.
8. Lembremos da Venezuela. Chávez foi deposto e as favelas desceram em peso exigindo sua volta. Aqui não vai ocorrer isso... Por que o governo não deu motivos. Pelo menos, por enquanto.
9. Se não houver alguma sinalização em direção aos "não mobilizados", tende a ser mantida a passividade, exatamente, no seio da base social que apoiou Lula e Dilma na última década. E aí, o que prevalecerá é a mobilização da Avenida Paulista. Mas, claro, nem tudo se resolve com base no humor e cores das rua.