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Pensando na luta das mulheres negras, a designer e artista visual Bea resolveu pintar as grandes heroínas negras do Brasil, como Dandara dos Palmares e Luisa Mahin. Em entrevista à Fórum, ela fala sobre sua arte e a motivação por trás de suas pinturas
Por Jarid Arraes
[caption id="attachment_78713" align="alignleft" width="223"] Imagem: Arquivo pessoal[/caption]
Para destacar e valorizar a luta das mulheres negras, a designer e artista visual Beatriz Corradi, conhecida artisticamente como Bea, resolveu pintar as grandes heroínas negras do Brasil. Nomes como Dandara dos Palmares, Tereza de Benguela, Luisa Mahin e outras guerreiras quilombolas figuram entre suas pinturas.
Desde pequena, Bea gostava de pintar, desenhar e modelar. Seu vínculo com o trabalho artístico a levou a cursar Design, mas foi apenas depois de se formar que ela voltou a ter contato com a pintura. Tudo começou em 2010, quando Bea foi trabalhar no 9ponto8, um estúdio de efeitos especiais. "Fazíamos mockup, esculpíamos, fazíamos moldes, enfim, toda a produção era manual, e foi lá que relembrei o quanto gostava de criar com minhas próprias mãos". A partir daí, ela começou a pintar como passatempo nos intervalos de secagem da massa; "Foi muito natural, acho que manifestei algo que estava preso em mim, eu senti que era isso que queria fazer", diz Bea.
Para Bea, a figura feminina é a expressão mais profunda de seus sentimentos. "Elas estão lá com seus olhares carregados de histórias, sofrimento, força, resistência, fé. Através delas tenho força para impor meus pensamentos, ideais e posições sobre a sociedade machista, racista e desfavorável em que vivemos", explica. Ela valoriza as mulheres negras e escolheu retratá-las em suas pinturas por acreditar que são as que mais sofrem. "Além da luta de gênero, brigam pela questão racial também. São elas que merecem destaque, que me influenciam e trazem esperança através de suas histórias".
[caption id="attachment_78714" align="alignright" width="232"] Imagem: Arquivo Pessoal[/caption]
Ao pesquisar sobre a escravidão no Brasil, Bea descobriu nomes que até então eram desconhecidos. "Dandara dos Palmares, Tereza de Benguela, Luisa Mahin, Tia Simoa, entre outras tantas que ainda permanecem desconhecidas pelo descaso da história para com a vida dessas mulheres", conta. "Não tinha conhecimento de quase nenhuma delas, o que é uma vergonha. Talvez só Dandara, mas porque era mulher de Zumbi. Na escola, essas histórias nunca foram sequer citadas".
Bea começou a se aprofundar nas pesquisas sobre essas guerreiras devido aos caminhos que trilharam na luta pela igualdade. "Elas já foram nomes de quadros meus; elas foram inspiração para a maioria deles", explica. Até o momento, sua pesquisa se restringiu à internet. "Foi nela que encontrei o texto 'Heroínas negras na história do Brasil' e pude conhecer mais a respeito". Bea ainda pretende buscar novas fontes, livros, pessoas e até conhecer comunidades quilombolas para aprofundar sua pesquisa.
O propósito de Bea com o seu trabalho é fazer com que as pessoas conheçam as histórias, as lutas e a existência dessas mulheres. "É preciso que se incomodem, que mudem, que discutam, reflitam, que entendam o simples fato de que elas são exemplos de força e resistência dentro da nossa história", diz. "Para mim é muito importante, é o que mais amo fazer. Uma evolução pessoal sincera, da qual quero compartilhar. Quero que evoluam comigo".
Até o momento, o retorno às pinturas tem sido muito positivo. "Algumas pessoas sentem-se tocadas de alguma maneira quando veem uma obra, outras querem saber mais sobre, entender o porquê delas", explica. "Acho que o impacto ainda pode ser maior, estou nessa busca", finaliza.
[caption id="attachment_78717" align="aligncenter" width="679"] Imagem: Arquivo pessoal[/caption]
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Foto de capa: Arquivo Pessoal