Do Brasil247
Oficialmente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não é investigado pela Operação Lava Jato, o que já foi dito por diversos integrantes da força-tarefa paranaense.
No entanto, surgem indícios eloquentes de que Lula talvez seja o próximo alvo da operação. Ontem, o jornal Estado de S. Paulo divulgou uma conversa grampeada pela Polícia Federal entre ele e Alexandrino Alencar, um dos diretores da Odebrecht presos na Lava Jato (leia mais aqui).
Hoje (15), a revista Veja quebra o sigilo bancário do ex-presidente. Segundo a publicação, os dados foram obtidos a partir de um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) enviado à Polícia Federal e aos integrantes da força-tarefa paranaense.
De acordo com o relatório, a LILS, empresa de palestras do ex-presidente Lula, faturou R$ 27 milhões, desde que ele deixou a presidência da República. Destes, cerca de R$ 10 milhões teriam vindo de empresas investigadas na Lava Jato, como Odebrecht (R$ 2,8 milhões), Andrade Gutierrez (R$ 1,5 milhão) e OAS (R$ 1,4 milhão).
Essa devassa bancária contra um ex-presidente da República apontou também a destinação dos recursos. De acordo com o relatório, a LILS aplicou R$ 12,9 milhões, fez um plano de previdência privada no valor de R$ 5 milhões, recolheu R$ 3 milhões em impostos e fez transferências de R$ 4,3 milhões.
A quebra do sigilo bancário aponta até os repasses feitos por Lula a alguns de seus filhos. Lurian, por exemplo, recebeu R$ 385 mil. Luis Claudio ganhou R$ 209 mil e Sandro recebeu outros R$ 80 mil.
Veja abre sua reportagem dizendo que palestras de ex-presidentes não são ilegais. A revista afirma que Fernando Henrique Cardoso faz isso com frequência e que Bill Clinton é um dos campeões da modalidade, tendo recebido centenas de milhões de dólares por esse trabalho.
No entanto, apenas Lula, que deixou o Palácio do Planalto como o presidente mais popular da história do País, teve seu sigilo bancário quebrado, com a intenção clara de desmoralizá-lo.
Nas últimas semanas, o ex-presidente tem sido aconselhado por aliados a aceitar ser ministro do governo Dilma. Assim, ele passaria a ter direito ao foro privilegiado e só poderia ser alvo de ações movidas nos tribunais superiores.
(Foto: Heinrich Aikawa/Instituto Lula)