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Charge de Vitor Teixeira, divulgada em sua fanpage, critica o projeto "Gladiadores do Altar". Além da censura, em notificação extrajudicial, igreja também solicitou que o Facebook enviasse dados do ilustrador
Por Anna Beatriz Anjos e Ivan Longo
[caption id="attachment_61759" align="alignleft" width="300"] Ilustração fazia crítica ao projeto "Gladiadores do Altar"[/caption]
O cartunista Vitor Teixeira foi interpelado extrajudicialmente pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), que o acusa de "incitar ao ódio religioso" por meio de uma de suas ilustrações.
A IURD solicitou ao Facebook a retirada do ar da página de Teixeira, sob ameaça de levar o caso à Justiça. Na última semana, o ilustrador recebeu uma notificação, também enviada ao departamento jurídico do Facebook.
A charge que originou a polêmica faz uma crítica ao projeto "Gladiadores do Altar", criado pela igreja para "orientação e formação de jovens vocacionados para a propagação da Fé Cristã".
O exército da Universal passou a ser criticado nas redes (leia mais aqui) depois que a fanpage da igreja do Ceará divulgou um vídeo no qual dezenas de jovens adentram um culto marchando, vestindo fardas e gritando palavras de ordem.
"O desenho foi feito no intuito de alertar a população, especialmente as religiões de matriz africana, da ilegalidade e do perigo que é a criação de uma milícia evangélica. Não sou o único a denunciar essa atividade, muitos jornalistas escreveram sobre o assunto, e o Ministério Público Federal na Bahia abriu um inquérito para investigar o projeto", explica Teixeira.
Além de pedir a exclusão da página de Vitor, a advogada da IURD, Mônica Duran Inglez Campello, requereu que o Facebook lhe enviasse, em um prazo de 24 horas, os dados completos do cartunista – a reportagem tenta contato com a empresa para averiguar se isso chegou a acontecer. Após negociação entre as partes, ficou decidido que a a ilustração seria apagada, sem necessidade de se fazer o mesmo em relação à fanpage.
"Eles aceitaram que eu excluísse apenas a imagem, e não a página. 'Prometeram' não me acionar mais judicialmente, depois da censura ser concluída", conta Vitor. "Me senti intimidado com o comunicado deles. Não apenas temi pela minha liberdade de pensamento, como pela minha integridade física, já que agora eles possuem um 'exército'."