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Texto e foto por Matheus Moreira
Cada ocupação tem suas próprias necessidades. Parece óbvio apontar isso agora, mas não é. Uma vez que as sociedades orientais prezam por preceitos positivistas de ordem, ser diferente demais é sempre um disparate. Mesmo sem grande consciência do teor anarquista que têm esses eventos sociais nas mais de 200 escolas, os alunos secundaristas colocam em prática o que o teórico e historiador Hakim Bey descreve no seu livro Zona Autônoma Temporária. Os alunos promovem o mais humano e real anarquismo, aquele que se sente, não teórico.
Uma ZAT é nada e é tudo. Um momento, um evento, um grupo de pessoas que, durante um período de tempo com início e fim definidos por sua própria intensidade, promovem um recorte de sociedade anarquista, o que, por si só, já é tão paradoxal quanto as Alices de Carroll.
Junho de 2013, seguindo essa linha de raciocínio, foi a soma de diversas zonas autônomas que inspiraram os eventos recentes e, portanto, a nova geração de anarquistas temporários. Os secundaristas que lutam hoje tinham, na época, entre 12 e 15 anos, em média. É no mínimo um equívoco dizer que 2013 foi uma derrota. Se nos fosse ensinado nas aulas de história que poucas vezes o povo foi capaz de revogar decisões governamentais sem concessões, veríamos que 2013 foi um novo marco para as revoltas populares. O preço das passagem retrocedeu; ainda que viesse a aumentar mais tarde, mas retrocedeu.
Acuados, governos estaduais e municipais tremeram sob a voz das ruas. A presidenta precisou se pronunciar. Junho de 2013 foi o começo de uma sociedade que poderá ser menos injusta, com formação política e que, finalmente, abandonará a lógica peemedebista que nos últimos vinte anos promoveu a tal "governabilidade" pautada em concessões absurdas da esquerda à direita e - por que não? - seu contrário.
Não há concessão para injustiças. É o que gritam as ruas e a próxima geração de universitários.