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Em discursos pouco divulgados pela grande imprensa, os contestados presidentes da Venezuela e da Bolívia foram os únicos a apontarem as verdadeiras causas pela falta de avanço no combate à mudança climática
Por Stuart Munckton, em Green Left Weekly | Tradução: Vinicius Gomes
“O foco excessivo em lucros não respeitam a Mãe Terra, nem levam as necessidades humanas em consideração”, disse o presidente da Bolívia Evo Morales, em seu discurso na cúpula do clima na ONU, semana passada. “Continuar com esse sistema desigual resultará apenas em maiores desigualdades”.
Nesse dia, Morales clamou por incentivos com o fim de respeitar a natureza e exigiu que os países desenvolvidos cumprissem suas promessas. O presidente boliviano, que falou em nome do Grupo dos 77, do qual seu país é atual presidente, salientou a necessidade de leis mais igualitárias para um desenvolvimento sustentável.
Morales afirmou que os efeitos adversos da mudança climática estão devastando as sociedades nos países emergentes, ameaçando seus direitos ao desenvolvimento e à sobrevivência de povos e países. “Os países emergentes estão, continuamente, sofrendo os efeitos do aquecimento global, erodindo drasticamente nossos avanços no processo da erradicação da pobreza e o alcance do desenvolvimento sustentável”, insistiu Morales, que também clamou por soluções estruturais no combate à mudança climática – junto de medidas para lidar com seus impactos.
De acordo com o princípio de responsabilidades comuns, mas diferenciadas em suas respectivas capacidades”, disse Morales, “nós enfatizamos que as contribuições devem ser feitas em um contexto equilibrado e precisa incluir a transferência de tecnologias e a criação de capacidades”.
Ele afirmou que os povos do Sul Global devem desenvolver suas economias para que conciliem suas necessidades humanas de uma maneira sustentável, em harmonia com o planeta, a natureza e os ecossistemas que proveem suas casas. Mas Morales apontou que a História designou aos países desenvolvidos a responsabilidade de tomar a iniciativa de lidar com esse desafio: “Nós expressamos nossa preocupação com a falha no cumprimento dos compromissos assumidos pelos países desenvolvidos”. Morales urgiu aos países mais ricos que assinaram o Protocolo de Kyoto, que “continua a ser um importante instrumento na diminuição da distância entre emissões de gases com a mudança climática”.
“Nós enfatizamos nosso profundo desapontamento e preocupação com o fato de que os países desenvolvidos permanecem fora do Protocolo de Kyoto – seja abandonando-o ou nem o ratificando”, disse Morales, levantando sérias dúvidas sobre a credibilidade e sinceridade desses países para com a mudança climática.
Discursando na ONU nesse mesmo dia, o presidente venezuelano Nicolás Maduro declarou: “A crise ambiental é um resultado da crise do modelo capitalista dominante, baseado em métodos de produção e consumo insustentáveis, que geram desigualdade, injustiça, pobreza e a destruição do planeta”.
Maduro também acusou os “poderosos do mundo” de assaltarem sistematicamente a natureza sem qualquer cuidado ou respeito por sua limitada capacidade de renovação. “Nós devemos mudar o modelo econômico para mudar o planeta”, insistiu o líder venezuelano, que ainda disse que seu país sustenta 70% de suas necessidades energéticas com instalações hidroelétricas e protege 60% de seu território natural, o que contabiliza mais de 58 milhões de hectares de floresta tropical, além de administrações de “defesa” como parques nacionais e decretos de reservas protegidas da vida selvagem.
Maduro afirmou que apenas “o desenvolvimento ecologicamente sustentável aliado a uma economia social ecológica” poderá combater o desastre ambiental. Ele clamou para que "toda a humanidade” participasse de um plano inclusivo para recuperação.
Foto de Capa: Green Left Weekly