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da Filadélfia
Trinta minutos antes da palestra com Andre Agassi, sou avisado que nossa conversa, que já seria de parcos cinco minutos, teria de ser reduzida para uma pergunta.
Uma pergunta?
Bem, verdade verdade, o cara é ocupadíssimo, e além do mais não sou um Truman Capote ou um Caco Barcelos,
mas vá lá, o que fazer com uma pergunta? Paciência…
Depois de saudar Agassi com um “Hi, Agassi, my name is Ronaldo Ribeiro”, e receber um sorriso tipo aquele trocado por Dilma e Aécio no último debate presidencial, disparo o primeiro clichê que me vem à cabeça:
“Qual a mensagem mais importante que você espera comunicar para sua plateia hoje à noite?”, pergunto com cara de árvore.
Agassi responde em tom sereno, enquanto caminha para o palco de onde iria palestrar para um público de estudantes de graduação, pós-graduação e MBAs de uma das escolas mais prestigiosas dos Eua (Wharton). Ecoando ensinamentos da autoajuda à lá Augusto Cury, Agassi diz o seguinte:
“Siga os seus sonhos, faça o que realmente gosta, encontre um motivo para acordar todos os dias”.
Aperta minha mão novamente, sorri um sorriso educado e sem sal, e caminha para o palco. Depois de ser ovacionado em pé pela platéia, Agassi trata de vários assuntos com eloquência Curyana.
“Sonhe de olhos abertos. Encontre um ideal que o faça avançar na vida”, diz o ex-tenista, hoje empreendedor e entusiasta da filantropia.
“Seus filhos vão conhecer seus valores através de suas atitudes”, arremata, arrancando aplausos dos jovens e suspiros das jovens.
As palavras de Agassi parecem tocar cada ouvinte presente. Olho pros lados e vejo uma multidão meio embasbacada, entusiasmada e encantada com a história pessoal e com as proezas do ex-tenista.
Confissão: Eu também fiquei com bába no canto da boca.
Mesmo sem muita elocubração sociológica ou psicoanalítica, parece-me mais ou menos fácil de adivinhar de onde vem tamanho entusiasmo. Andre Agassi é daqueles personagens míticos, do tipo que foi ao inferno e voltou para contar a estória. Olha a página de LinkedIn do fulano:
Relacionamento com Barbra Streisand, casamento conturbado com Brooke Shields, vitória nos 4 torneios de Grand Slam, decadência atlética e retorno ao auge, uso de drogas ilícitas (anfetaminas além de doping para o tênis), casamento com Steffi Graf, aposentadoria e dedicação total à filantropia.
Coisa de filme americano…
Personagem perfeito de um filme hollywoodiano, sem dúvida, com suas belezas e exageros, com pitadas na medida de sexo e drogas. E como num bom filme de Hollywood, a redenção do mocinho bom, que virou ruim, quase sempre chega. E no caso de Agassi ela chegou.
Visualize a situação comigo, caro leitor: Feche o ângulo da câmera, suba a música (música dramática), venha para o campus de uma escola de elite americana. Veja o entusiasmo e emoção no rosto dos espectadores da plateia. Observe que, apesar dos clichês que saem da boca do personagem principal, Andre Agassi, cada presente se conecta de alguma forma com as palavras dele. Inclusive eu. Por um momento, lembrei-me do nosso cinema, pensei nos nossos mocinhos, e fiquei sem saber quem são… Quem são?
Belisco meu braço. E volto à realidade. Com Agassi, a redenção chega na forma de Filantropia. O sexo e as drogas terminam nisso: num excelente filme americano.
Difícil de não aplaudir e de não se emocionar…