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Projetos de soluções simples, como as cisternas de placa, podem concorrer a prêmio até 21 de junho
Por Felipe Rousselet
De baixo custo de implementação e com alto potencial de transformar as realidades locais, as tecnologias sociais são soluções simples e reaplicáveis para problemas sociais. O número dessas iniciativas, criadas a partir do saber popular, tem crescido cada vez mais no Brasil. Somente a Fundação Banco do Brasil possui um Banco de Tecnologias sociais com 504 iniciativas certificadas. No terceiro Concurso Aprender e Ensinar, realizado pela revista Fórum, em parceria com a FBB, em 2012, foram recebidas 4.698 inscrições de professores de todo o País que utilizam o conceito em sala de aula.
[caption id="attachment_24451" align="alignright" width="300"] Jornalistas participam de encontro em Manaus, que debateu a importância das tecnologias sociais (Foto: Felipe Rousselet)[/caption]
Segundo Jorge Streit, presidente da FBB, um exemplo de tecnologia social que transformou realidades locais, e que hoje se converteu em uma importante política pública, é a construção de cisternas de placas. “As cisternas têm ajudado a minimizar os efeitos da seca e melhorado a vida das pessoas em algumas regiões do país, principalmente no Semiárido. São técnicas e métodos como esse, que aliam o saber ancestral e o saber popular ao cientifico, que ajudam a enfrentar problemas antigos, como o da seca, e a transformar a vida das pessoas”, disse Streit, no 7º Encontro de Jornalistas – Amazônia, promovido pela fundação, em Manaus.
As cisternas de placas são reservatórios cilíndricos que captam a água da chuva no telhado das casas para armazenamento. Desde 2012, a Fundação Banco do Brasil e a ASA (Articulação no Semiárido Brasileiro) colaboram com o Programa Brasil Sem Miséria, do governo federal, para a reaplicação da tecnologia. A parceria tem o objetivo de construir 60 mil cisternas no Semiárido.
Para a coordenadora de tecnologias sociais do Instituto Brasileiro de Pesquisa da Amazonia (Inpa), Denise Gutierrez, as tecnologias sociais vêm ganhando protagonismo no Inpa. “Em 2011, foi criada uma coordenação de tecnologias sociais [no Inpa]. Isso não é pouca coisa. Estamos falando de um instituto de pesquisa, que existe há 60 anos, e sabemos que a pesquisa, não só no Brasil, mas no mundo, é formada por um paradigma que não se alinha com esta questão da tecnologia social. Tradicionalmente, a pesquisa serve às elites, à acumulação do capital e a tudo que vem junto com isso. A gente vem, com o Inpa, e também um conjunto de outras diretivas dentro do Ministério da Ciência e Tecnologia, apontando a necessidade de se fazer da ciência algo útil para a sociedade”, disse Denise.
Raimundo Nonato, representante da Secretaria-Geral da Presidência da República, destacou como muitas tecnologias sociais são trazidas ao governo pelos movimentos sociais. “É importante que o governo tenha um instrumento normativo para disseminar a tecnologia social de forma clara e evidente”, defendeu Nonato. “A presidenta Dilma apoia a construção de cisternas, defende as fossas biodigestoras, mas isso ocorre dentro do Brasil Sem Miséria ou de outros programas. Para mim, temos que ter no governo um espaço muito bem demarcado para reconhecer que a tecnologia social é um instrumento que proporciona redução de custo e atinge uma parcela muito grande da população. A Secretaria-Geral está disposta a promover a integração dentro do governo para levarmos essa discussão sobre tecnologia social”, concluiu.
Na Amazônia, onde foi realizado o encontro, de 22 a 24 de maio, o gerente de Comunicação da FBB, Emerson Weiber, destacou a importância de “mobilizar não só os atores locais, mas toda a sociedade civil e, principalmente, os povos da floreta, para fortalecer a vocação e as potencialidades naturais do bioma através de atividades sustentáveis”.
Prêmio de Tecnologia Social
Para incentivar a disseminação dessas soluções sustentáveis e construídas com a interação da comunidade, que ajudam a melhorar a vida das pessoas, gerando renda e promovendo a inclusão socioprodutiva, a FBB realiza o Prêmio de Tecnologia Social. Em sua sétima edição, o prêmio está com inscrições abertas até 21 de junho.
A premiação tem o objetivo de incentivar, certificar e premiar tecnologias sociais que fazem a diferença na sociedade. Realizado a cada dois anos, o prêmio valoriza e ajuda a dar visibilidade as tecnologias sociais já implementadas em âmbito local, regional ou nacional, que sejam soluções efetivas para questões relacionadas à alimentação, educação, energia, habitação, meio ambiente, recursos hídricos, renda e saúde.
Estão aptas a participar do Prêmio instituições legalmente constituídas no País, de direito público ou privado, sem fins lucrativos. Os projetos vencedores em cada categoria da premiação receberão R$ 80 mil. Além disso, a partir desta edição, os segundos e terceiros colocados em cada categoria, vão receber R$ 50 mil e R$ 30 mil, respectivamente, para investimento na tecnologia social premiada. No total, serão R$ 800 mil destinados ao aperfeiçoamento e a reaplicação das tecnologias sociais vencedoras.
Os interessados devem se inscrever através do site www.fbb.org.br/tecnologiasocial.