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Governador tucano pressionou pessoalmente o ex-executivo, em Amsterdam, para beneficiar a espanhola CAF; as empresas disputavam licitação da CPTM para aquisição de 320 vagões
Por Brasil 247
[caption id="attachment_36302" align="alignleft" width="300"] José Serra[/caption]
Depoimento do engenheiro Nelson Branco Marchetti, ex-diretor técnico da Divisão de Transportes da Siemens, à Polícia Federal revela que em 2008 o então governador José Serra (PSDB) pressionou pessoalmente a multinacional alemã a desistir de uma licitação na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Objetivo era permitir que a empresa espanhola CAF saísse vitoriosa em certame para a aquisição de 320 vagões. A Siemens teve de retirar recurso administrativo e medidas judiciais que questionavam a escolha da concorrente, que não tinha as qualificações necessárias. A denúncia é do jornal O Estado de S. Paulo.
Marchetti relatou um encontro que teve com Serra e o secretário estadual dos Transportes Metropolitanos na época, José Luiz Portella, "em meio a esse período de pressão", durante evento em Amsterdã da International Union of Railways (UIC). "Aproveitei para dizer que entendia que minha empresa estava certa e que não tinha intenção de desistir de recorrer." Em resposta, assegurou, "foi informado por Serra que, se a CAF fosse desqualificada em razão do mandado de segurança impetrado pela Siemens, o governo iria cancelar a licitação ".
Segundo Marchetti, que assinou acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) para revelar a ação de carteis no setor metroferroviário paulista, no edital havia exigência de um capital social integralizado que a CAF não possuía. “Mesmo assim, o então governador do Estado (Serra) e seus secretários fizeram de tudo para defender a CAF", afirma o ex-executivo da Siemens. O depoimento de 5 de novembro.
Para demover a Siemens do plano de contestar a qualificação da CAF, segundo o relato de Marchetti, Portella sugeriu que a multi deveria fazer um contrato de subfornecimento.
Marchetti reforçou que houve sim uma "tentativa de formação de cartel com a Alstom". Revelou combinações de preços, ajustes prévios, reuniões reservadas, além de grande empenho de autoridades do governo paulista, na ocasião, em fechar contrato com a CAF. Alega ter explicado a Portella que a Siemens tinha condições de prosseguir sozinha no projeto, não tinha motivos para desistir da licitação. "A CAF foi qualificada e a Siemens apresentou recurso administrativo, que foi negado."
Em um depoimento de seis páginas, Marchetti diz que ocupou o cargo na Siemens entre fevereiro de 2007 e dezembro de 2008. Que era encarregado de manter contato com agentes públicos. Tinha encontros frequentes com Portella e seu vice, João Paulo de Jesus Lopes. Na CPTM, tinha acesso direto ao então presidente, Sérgio Avelleda, que depois se tornou presidente do Metrô, bem como com diretores da CPTM.