TV Fórum trouxe à tona debate polêmico sobre crise de segurança pública; assista na íntegra
Por Adriana Delorenzo
[caption id="attachment_20919" align="alignleft" width="405"] Da esquerda para direita: Lúcio França, Douglas Belchior, Major Olímpio e Renato Rovai (Foto: Fora do Eixo)[/caption]Foram 24 chacinas registradas em 2012 e, logo no início de 2013, mais uma que matou sete pessoas, entre elas, o Dj Lah, no Jd. Rosana, zona sul de São Paulo. Diante da cise de segurança pública no estado, a TV Fórum trouxe o tema para o debate em seu primeiro programa do ano na Pós TV, na noite última quarta-feira, 16.
O debate, mediado pelo editor da Fórum, Renato Rovai, reuniu Douglas Belchior (membro do Conselho Geral da UNEafro), Major Olímpio (deputado estadual pelo PDT) e Lúcio França (advogado e membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB e do grupo Tortura Nunca Mais).
"Infelizmente o que acontece nos filmes está acontecendo na vida real", afirmou Belchior, que defendeu um mapeamento racial das mortes em São Paulo e a abertura de uma CPI na Assembleia Legislativa, além de responsabilizar o governador Geraldo Alckmin pela situação.
França também chamou a atenção para os alarmantes números de homicídios nas periferias no estado, muito acima da média nacional. Hoje, são 500 mortes por ano por ação policial. “O ‘auto de resistência seguida de morte’ é a justificativa para matar nas periferias”, disse França.
Em resolução publicada pela Secretaria de Segurança Públcica de SP, no dia 8, o termo foi abolido e substituído por “morte decorrente de intervenção policial”. No entanto, França alertou que a vitória do movimento social seria a desmilitarização da poliícia. "Essa onda de violência começou com o golpe de 64, quando a PM passou a ser o braço direito do exército", destacou. O advogado ainda defendeu o fim da Justiça Militar no Brasil: "A justiça é para todos, não pode ser corporativista".
O contraponto coube ao deputado Major Olímpio (PDT). “Na hora do confronto, Deus está do lado de quem atira melhor”, disparou. "Estamos num país onde a violência é endêmica, e o poder público, em todas as esferas, é o maior responsável", afirmou o parlamentar.
Cerca de 620 internautas assistiram ao debate transmitido ao vivo. Entre eles, o Preto Zezé, presidente da Central Única de Favelas (Cufa), que escreveu algumas reflexões sobre o programa em sua página do Facebook. Leia a seguir.
“1- A seguranca pública é a única orfã do Estado, depois da redemocratização, temos SUS, SUAS, etc, mas a segurança ainda está a revelia, fazem o que quer, privatizam, fazem politicagem, uso das forças de seguranças..etc. 2- Será possível, uma polícia justa, respeitadora da ordem e dos direitos, dentro de uma ordem social injusta, onde a repressão muitas vezes tem sido a única presença do Estado e nos quartéis, em pleno 2012, soldados ainda são tradados e educados dentro da ótica da segurança nacional? 3- Sem quebrar o maniqueismo polícia bandido e cidadão inocente, não avançaremos, o fato é que morrem policiais e jovens pobres e negros, todos pobres. A cúpula da polícia,como a cúpula da sociedade, esta segura e longa dessa guerra sem vencedores. 4- Infelizmente, a esquerda abandonou esse debate e essa eleboração, pelos traumas durante o período militar, que até hoje se arrasta, na contramão, o conceito direitos humanos, virou equivocadamente, sinônimo de defesa de bandidos! 5- Pegaram a polícia para cristo, quem era para ser pego pra cristo, eram os comandantes de batalhões onde as irregularidades ocorrem os delegados das delegacias, os secretários de seguranças, do contrario, vai ser sempre a mesma conversa fiada: "Esse foi um caso isolado, não é prática da coorporação, os responsáveis serão punidos, blá blá blá". E assim a banda continua tocando o mesmo som triste e deprimente. 6- Corregedoria e defesa de direitos de pobres diantes das forças de repressão ainda é tida como ofensa. Quer testar? Experimente, dizer a um PM que você tem direitos, se for branco rico, o policial vai se inibir. Se for escurinho do lado pobre da cidade, prepara as costas. 7- Enquanto a polícia for a vassoura social da sociedade ela nunca vai ser uma polícia democrática, respeitadora da lei, agora, para defender a grande propriedade, o lado mais estruturado da cidade, isso sim, ela estará sempre pronta para defender.
Enfim, a conta desse debate fica sempre no colo dos que morrem no front, nunca esse sangue subiu rampas de planalto, gabinetes de gestores e parlamentares.”