Petrobras - crônica de um prejuízo anunciado

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  John Rockfeller, fundador da Standard Oil Company, que deu origem às gigantes do petróleo no século XX (Exxon, Atlantic, Mobil e Chevron) formulou uma conhecida assertiva sobre seu negócio: "O melhor negócio do mundo é uma empresa de petróleo bem administrada; o segundo melhor é uma empresa de petróleo mal administrada". Lamentavelmente, o anúncio de que a Petrobras teve um prejuízo líquido R$ 1.346.000.000,00, apenas entre os meses de abril a junho de 2012, indica que talvez a maior empresa do Brasil esteja em um caminho que a leve a situar-se abaixo do "segundo melhor negócio do mundo". Desde 1999 a empresa não apresentava indicadores negativos e, comparado ao segundo trimestre de 2011, em que o lucro foi de quase R$ 11 bilhões, há que se perguntar, o que a levou a quadro tão negativo? Serão apresentadas duas respostas. Analistas de mercado dirão que este prejuízo é resultado de desalinhamento entre preços internacionais e os praticados no Brasil, que estariam defasados. A empresa dirá que foi a valorização cambial. Ambas respostas são insuficientes. É sabido que em vários países, mesmo em países não produtores de petróleo, como o Chile, se pratica preços menores que no Brasil; da mesma forma a carga tributária, que em diversos países europeus é de 70%, enquanto no Brasil é de 50%, e mesmo assim o negócio do petróleo é lucrativo. Quanto à valorização cambial, o argumento também não procede, pois durante paraticamente toda a primeira década do século XXI o Real esteve mais valorizado que atualmente. O que explicaria este prejuízo bilionário, que tende a se agravar nos próximos balanços? Em meu artigo anterior, ainda sem saber deste triste resultado apresentado ao final de uma sexta feira de agosto, já havia abordado sobre o tema petróleo e as equivocadas decisões estratégicas do governo brasileiro e da direção da Petrobras. O problema é estrutural, tendo sido agravado com a descoberta das reservas do pré-sal. Como uma dádiva da natureza, com riquezas imensas nas profundezas de nosso mar continental, podem ser motivo de monumental prejuízo? Pelo mesmo motivo que tantas outras dádivas da natureza resultaram em nosso subdesenvolvimento. Mira-se para esse novo tesouro  assim como os caçadores de ouro e esmeraldas das entradas e bandeiras. Nada mais importa que não seja a extração destas riquezas, esquecendo-se do que se pode agregar, do permanete, do que fica. No caso da Petrobras, há poucos meses vimos a revisão do plano de investimentos, que retira recursos das áreas de maior valor agregado para concentra-los na exploração e produção do óleo bruto. Com isso o país deixa de ser exportador de gasolina (e outros derivados) para tornar-se importador. Há que perguntar, o que acontecerá quando o Brasil extrair 4 milhões de barris por dia? Exportará este óleo bruto ao preço de commoditie e o reimportará na forma de produtos elaborados, com muito mais valor agregado? A continuar o caminho adotado, infelizmente, será exatamente este o caminho que nos espera. O mesmo que nos esperou ao longo de cinco séculos de subdesenvolvimento colonial.