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Fundação Banco do Brasil, em parceria com a ASA, reaplica tecnologia social do semiárido no Rio de Janeiro, deixando um legado da Rio+20 para a comunidade
Por Maria Eduarda Carvalho
A Fundação Banco do Brasil em parceria em com a Articulação do Semiárido (ASA) e a ONG Verdejar inauguraram uma cisterna de placa na comunidade Sérgio Silva do Complexo do Alemão, zona norte do Rio. O projeto, de baixo custo, capta e armazena a água da chuva. A instalação da cisterna simboliza a proposição de ações práticas na Rio +20 alinhando tecnologias sociais à sustentabilidade.
O Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) atua originalmente no Semiárido brasileiro e já beneficiou 400 mil famílias que vivem na zona rural, com água própria para o consumo, que pode ser usada para beber e cozinhar. Além de resolver o problema básico da falta de água, o programa mobiliza em torno dele toda a comunidade, envolvendo e capacitando as famílias a partir do projeto. “Toda a sociedade civil é mobilizada, fazemos reuniões com o fórum microrregional, o município, a comunidade, e a família só recebe o projeto se passar por um curso de capacitação”, explica José Procópio de Lucena, representante da ASA.
A entidade constrói dois tipos de cisterna: a menor delas que tem capacidade para estocar 16 mil litros de água, captada dos telhados das casas, garante fornecimento para nove meses e serve para o consumo humano. A outra, modelo P1+2 com capacidade de armazenamento de 52 mil litros, utiliza a água que cai no solo e é destinada à criação de quintais produtivos, para cultivo de alimentos e hortaliças.
Ainda em 2012, a ASA pretende construir cerca de cem mil cisternas do primeiro modelo, 60 mil delas em parceria com a Fundação Banco do Brasil, que vão abranger oito estados, 89 municípios e 41 micro territórios. A parceria veio através do edital lançado pela Fundação, onde dentre as 41 vagas disponibilizadas a organização conseguiu 38. No entanto, a relação entre as entidades é bem mais antiga, em 2001 a ASA ganhou o primeiro Prêmio de Tecnologia Social da Fundação.
Mas como tecnologias do semiárido vem parar no Rio de Janeiro? Durante a Cúpula dos Povos, evento paralelo às atividades dos Chefes de Estado na Rio+20, um dos grandes questionamentos era como inserir atividades práticas que continuassem na cidade mesmo após o período de debates. Pensando nisso, foi criado o espaço Territórios do Futuro, para divulgação de iniciativas de sucesso na área ambiental, com uso de tecnologias sociais de baixo custo, e o projeto P1MC foi um dos escolhidos. “A Rio +20 é uma convenção que vai passar e por isso é fundamental aproximar pessoas e conexões. A parceria viabilizou melhorias de vida na comunidade, botar a mão na massa é fundamental para construir o modelo de sociedade que queremos”, afirma Edson Loiola, da ONG Verdejar, sobre a importância das ações práticas no contexto da Rio +20.
Segundo o presidente da Fundação Banco do Brasil, Jorge Streit, é fundamental a integração entre projetos e realidades diferentes, “foi um grande acerto fazer essa ligação de um aprendizado que está sendo feito no semiárido com a realidade desse bioma. A ideia da Fundação BB é que essa tecnologia cresça por aqui. Com o envolvimento de todos – parceiros e comunidade –, a gente consegue fazer muito mais com menos” afirma.
Sobre a experiência de construção da cisterna que aconteceu no prazo de uma semana, Lindinalva Martins, a cisterneira responsável, ressaltou a diferença entre os climas do nordeste e sudeste, “A experiência foi ótima por trabalhar com climas diferentes, lá no semiárido é seco, aqui chove muito, mas acredito que [a tecnologia] vai mudar a vida deles”, disse.