Fundação Banco do Brasil debate como essas tecnologias podem ser soluções rumo ao desenvolvimento sustentável
Por Adriana Delorenzo
Entre as principais questões que cercam o debate sobre desenvolvimento sustentável estão como crescer economicamente, distribuir renda, gerar empregos e preservar o meio ambiente. “As tecnologias sociais respondem muito mais às questões da Rio+20 do que as convencionais”, afirma Jorge Streit, presidente da Fundação Banco do Brasil.
Em evento sobre o tema na Cúpula dos Povos, a FBB apresentou um documento com dez pontos para uma plataforma de tecnologia social na Rio+20. “Não queremos dizer que existe uma ou outra, mas as TS são um instrumento muito forte para o combate à pobreza”, diz Streit. A fundação vem investindo na disseminação dessas tecnologias. Ele explica que essas soluções são capazes de resolver problemas de saneamento básico nas regiões urbanas e rurais, gerar emprego e renda. Uma das tecnologias sociais mais reaplicadas no Brasil é a cisterna de placa. A FBB junto com a Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA) firmou um convênio para a construção de 60 mil unidades.
Na opinião de Procópio de Lucena, diretor da ASA, a escolha pela cisterna de placa é uma decisão política e demonstra a opção por um projeto de país. Para ele, a Cúpula dos Povos e a Rio+20 demonstram que estão em jogo dois tipos de desenvolvimento. O primeiro é aquele que valoriza a solidariedade, a agricultura familiar, a agroecologia, a cooperação, as tecnologias sociais, “que pensa o ser humano”. Já o outro, segundo Lucena, é baseado no consumo, no agronegócio, nas grandes obras e no lucro. “Vivemos uma disputa, no Brasil, entre esses dois projetos”, acredita.
Para Maria Mônica da Silva, do Movimento Nacional dos Catadores de Material Reciclável (MNCR), a tecnologia social é aquela que “investe no ser humano”.
Para o consultor Milton Nogueira, é preciso acabar com a falsa ideia, muitas vezes reforçada pela mídia, de que a tecnologia social “é coisa de pobre”. Segundo ele, os vinhos de Bordeaux na França, por exemplo, são produzidos por cooperativas.
Streit reforça que é preciso que “as pessoas entendam como foi produzido o que elas consomem”.
“As tecnologias sociais precisam ganhar escala”, defende o assessor da presidência do BNDES Francisco de Oliveira. “Não pode ser sempre a tecnologia pequena e alternativa”, diz. De acordo com o representante do BNDES, as parcerias e ações das instituições para financiar as TS buscam apoiar as organizações sociais para que elas possam produzir e gerar renda.
Na Cúpula dos Povos, a FBB e o BNDES assinaram um acordo de cooperação para investir 100 milhões de investimentos sociais na Amazônia, para projetos de atividades produtivas e sustentáveis na região.
Segundo o gerente de Educação e Tecnologia Inclusiva da Fundação Banco do Brasil, Claiton Mello, é preciso debater como as TS podem se tornar políticas públicas. Entre as ações nesse sentido, estão articulações com universidades para que pesquisem as TS, a institucionalização de uma Política Nacional de TS, com a realização de conferências sobre o tema, entre outras.