A redemocratização foi um tempo que mostrou à classe política e ao povo a importância do debate público de ideias, da participação e como é trabalhoso construir uma democracia efetiva.
Por Revista Fórum
A capa da edição deste mês traz duas figuras que participaram, cada qual a seu modo, da redemocratização do Brasil. Algum tempo depois, ambos chegaram à presidência da República, novamente com propostas distintas, mas de certa forma moldadas durante o período da transição, o início da Nova República. Aquele foi um tempo que mostrou à classe política e ao povo a importância do debate público de ideias, da participação, da transparência e também de como é trabalhoso construir uma democracia que seja verdadeiramente efetiva.
Se a passagem do regime militar para o democrático não foi aquela sonhada por muitos, tampouco podemos perder de vista os seus avanços e suas conquistas. Quando hoje podemos observar a experiência exitosa das conferências, que aos poucos vão atraindo mais e mais gente para discutir e propor políticas públicas nas mais diversas áreas, é necessário lembrar que isso é fruto das lutas dos movimentos populares que amadureceram naquela época e passaram a influir de forma institucional nos rumos do país.
Mas se é preciso olhar e analisar os primeiros tempos da Nova República para entendermos o país que somos hoje e o quanto conseguimos avançar, também é necessário aperfeiçoar ainda mais o nosso modelo de democracia. A Constituição de 1988 abriu possibilidades de participação direta da população com instrumentos como o plebiscito, o referendo, os projetos de iniciativa popular, além de outros que surgiram com a experiência que somente o exercício da cidadania pode proporcionar. No entanto, tais mecanismos ainda não foram assimilados pela sociedade nem se incorporaram ao cotidiano das pessoas como ocorre em outros países.
Se é verdade que a nossa democracia é jovem e que nem sempre os avanços ocorrem com a velocidade que gostaríamos, também é importante considerar que, sem organização e pressão popular, as demandas ficam reprimidas e a tal democracia, pela qual o país tanto lutou, se enfraquece e deixa de cumprir seu papel. É momento de celebrar, mas também de pensar e perseguir novas conquistas.