Nesta terça, moradores votam se continuam na igreja, onde situação é alarmante. Polícia quer encerrar operação na quarta-feira, 25
Por Igor Carvalho, de São José dos Campos
O advogado e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São José dos Campos, Aristeu César Pinto Neto, afirmou à TV Brasil, que há mortos, inclusive crianças, por conta da violência policial no Pinheirinho. A reportagem da Fórum tentou apurar a informação com diversas lideranças do movimento para chegar aos nomes das vítimas, mas ninguém confirmou as mortes. O IML e representantes da prefeitura de São José também negam vítimas.
Em entrevista coletiva nesta segunda, 23, o comandante geral das operações no Pinheirinho, Coronel Messias Mello, confirmou que a desocupação deve ser encerrada até o fim da semana, “com boas chances de que isso ocorra já na quarta-feira”. Na entrevista, o militar não só negou que houve vítimas, como também que a ação da PM tenha sido violenta. Mello classificou a segunda-feira como “um dia tranquilo”.
Nas ruas, o que se via era completamente diferente do relatado pelo coronel. A reportagem passou a manhã desta segunda nas proximidades do Pinheirinho e observou inúmeros casos de violência em abordagens policiais e muitos disparos de balas de borracha.
Saída da igreja
Uma assembleia foi convocada para esta terça-feira, 24, quando cerca de 2 mil moradores do Pinheirinho votarão se vão continuar na Igreja Nossa Senhora do Perpétuo do Socorro, que se tornou um abrigo provisório. Como não se trata de um espaço oficial administrado pela prefeitura, não está sendo oferecida assistência a quem lá está.
Segundo o advogado Antonio Donizete Ferreira, um dos seis que atuam na defesa dos moradores, a situação das pessoas na igreja está muito difícil. “Não há chuveiros, chegam 300 pães por dia para 2 mil pessoas e há um único banheiro para toda essa gente”, explicou.
Por conta disso, na tarde desta segunda, 23, um grupo do Ministério Público tentou convencê-los a irem para um abrigo, da prefeitura, no colégio Caíque.
A proposta, no entanto, desagrada alguns moradores. Um homem que preferiu não se identificar disse: “Como vou aceitar ser acolhido por quem acaba de me expulsar de minha própria casa?”.
Marrom, coordenador do acampamento Pinheirinho, alega que “sair daqui é complicado, se nos tiraram de lá dessa forma, imagina quando a mídia não estiver aqui para registrar? Eles vão nos colocar na rua sem qualquer justificativa”.