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Movimento Nossa São Paulo: Outra Cidade lançou, nesta quarta-feira, 8, a organização do Dia Mundial Sem Carro, em 22 de setembro
Por Anselmo Massad
O projeto é ambicioso. Quem avisa é Oded Grajew, coordenador do movimento Nossa São Paulo: Outra Cidade. Transformar São Paulo num exemplo para o país de relações entre governo e sociedade, e do modo de se fazer política, além da própria cidade. O primeiro evento promovido para divulgar a iniciativa foi o lançamento do Dia Mundial Sem Carro, 22 de setembro, na manhã desta quarta-feira, 8, em São Paulo.
O evento ocorreu no luxuoso Rosa Rosarum, local de eventos refinados da zona oeste da capital paulista, cedido gratuitamente segundo os organizadores. O prefeito Gilberto Kassab, o secretrários do Esporte, Walter Feldman, do Meio Ambiente, Eduardo Jorge, e da Assistência Social, Rogério Amato, estiveram presentes.
Grajew alerta, porém, que a iniciativa cívica é apartidária, inter-religiosa e baseada na promoção da democracia participativa, redução da desigualdade social e melhoria da qualidade de vida. Em entrevista à Fórum na segunda-feira, 6, o ativista explicou os objetivos e eixos de trabalho do movimento. "Não estamos a favor nem contra a reeleição do prefeito Kassab. Nem a favor nem contra a eleição de [Geraldo] Alckimin, nem a favor nem contra Marta Suplicy, nem a favor nem contra [José] Eduardo Cardoso, nem de quem quer que seja."
Segundo ele, o lançamento de iniciativas semelhantes devem ocorrer em outras cidades, como Rio de Janeiro, em 28 de agosto, Ilhabela (SP), Belém (PA) e Campinas (SP).
Para aferir a qualidade do transporte público e da mobilidade na cidade, além do nível de poluição do ar, número de acidentes e de ciclovias construídas, são analisadas a partir de 13 indicadores produzidos por entidades do poder público, universidades, institutos e centros de pesquisa foram reunidos. A intenção é acompanhar a evolução dos dados anualmente e demandar à prefeitura e aos candidatos à sucessão a partir de 2008, metas e planos para mudar a realidade desses índices. O objetivo é fazer um processo semelhante para outras áreas como educação, saúde etc.
A pé, de bicicleta e de ônibus
Realizado desde 1997 na França, a iniciativa terá, pela primeira vez em São Paulo, um envolvimento amplo da prefeitura na organização de atividades. Uma "Virada esportiva", 24h de atividades de diversas modalidades, a realização de passeios de bicicleta e a pé e outras ações (22 no total) estão em fase de planejamento. As rotas percorridas por bicicletas dependem de aprovação da Companhia de Engenharia de Tráfego.
Constrangimento
A comprovação da promessa do empresário, ex-assessor da Presidência e ex-diretor presidente do Instituto Ethos, de não apoiar o prefeito ocorreu na fala de Airton Goes, do Fórum Social da Cidade Ademar (região na zona sul paulistana).
Responsável por dizer o que a população espera do poder público, garantiu não querer promover constrangimentos, mas criticou a falta de abertura da prefeitura para discutir problemas com a população. O exemplo foi uma reunião com representantes da secretaria da Saúde, adiada há quatro meses.
"Na Cidade Ademar, nos solidarizamos com as vítimas do acidente da TAM", declarou Goes. Mas ele reclamou do fato de que as principais rádios enviam, em seus noticiários, repórteres para informar quantos vôos estão atrasados e por quanto tempo. "Todo dia, no terminal de ônibus da Cidade Ademar, a gente vê quatro filas esperando por um ônibus. E nenhum ônibus está lá". Para protestar contra a precaridade do transporte público, especialmente na periferia, os moradores da região já preparam as atividades para o dia sem carro com um debate entitulado "CPI do apagão no transporte de São Paulo". O relato arrancou aplausos da platéia, provocando constrangimento de Kassab e dos secretários.
Eduardo Jorge, do Meio Ambiente, que sucedeu Goes, também conseguiu seus aplausos ao lembrar que 70% da população da cidade não tem carro, o que faz de todo dia ser dia mundial sem carro.