Expansão do Protocolo de Kyoto são o tema de encontro de representantes de 100 países
Por Sabrina Domingos
Representantes de mais de 100 países estão reunidos em Viena para discutir meios de expandir o Protocolo de Kyoto. O secretário-executivo de mudanças climáticas da ONU, Yvo de Boer, diz que as conversas servirão para mostrar como os países comprometidos estão progredindo nesse tema além de preparar os ministros para o acordo que deverá ser fechado na reunião de dezembro em Bali, na Indonésia.
O encontro também pretende discutir os aspectos financeiros das mudanças climáticas nos próximos 25 anos. Um relatório da ONU aponta a necessidade de um investimento adicional de cerca de 200 bilhões de dólares por ano para se manter as emissões de gases estufa nos níveis atuais.
Para as Nações Unidas, este é o momento para se estabelecer uma ação mais abrangente e de longo prazo na luta contra o aquecimento global por meio do Protocolo de Kyoto.
No encontro, que ocorre de 27 a 31 de agosto, cerca de mil representantes, além de cientistas e ativistas ambientais, participam das conversas que irão buscar um consenso entre as nações industrializadas - que possuem metas de corte de emissões de gases do efeito estufa pelo Protocolo de Kyoto até 2012 – e os que estão de fora do acordo, liderados por Estados Unidos e China (dois maiores emissores).
“O momento é muito construtivo para uma ação global”, afirma Boer. “A próxima semana nos indicará se a comunidade política está disposta a se envolver em iniciativas bem intencionadas para se chegar a negociações reais”, acrescenta.
“A luta contra as mudanças climáticas precisa ser ampliada”, defende o ministro do Meio Ambiente da Áustria, Josef Proell, recepcionando a disposição dos EUA em fazer parte de um acordo de longo prazo estabelecido pela ONU para cortar emissões principalmente da queima de combustíveis fósseis.
A reunião de Viena tentará quebrar a barreira diplomática e fazer com que ministros da área ambiental estejam aptos a concordar com o lançamento de uma negociação formal de dois anos para definir um controle rígido e de longo prazo para as emissões de gases - na conferencia do clima em Bali, Indonésia, em dezembro.
Mas, enquanto os participantes conversam sobre negociações, muitos estão preocupados com os custos que as mudanças climáticas já estão provocando, principalmente nos países em desenvolvimento, que dependem fortemente da agricultura.
“Nós temos uma situação muito séria se desenvolvendo”, afirma o ministro de Recursos Naturais de Lesotho, na África do Sul, Monyane Moleleki. “Nos últimos 30 anos, as mudanças climáticas têm sido fantasmagóricas, para dizer o mínimo”. O número de secas no seu país aumentou significativamente desde 1978 e os verão estão ficando progressivamente mais aquentes.