Em café da manhã com jornalistas, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, comentou a polêmica em torno da boxeadora argelina Imane Khelif, atacada por extremistas de direita com a fake news de que é transexual. "Há uma fiscalização dos corpos das mulheres", disse Cida. "Foi discriminatório e violento o que ocorreu com a atleta. As mulheres têm o direito de ser como quiserem." Para a ministra, pesou também o fato de Imane ser argelina. "Duvido que fizessem o mesmo se fosse uma branca europeia."
A ministra contou que é constantemente cobrada pelos bolsonaristas nas redes sociais a definir "o que é uma mulher", como aconteceu em audiência na Comissão de Educação em junho, convocada pelo deputado Nikolas Ferreira, transfóbico contumaz. Mas, diz Cida, o ministério tem outras preocupações. "Não cabe a mim fazer a pergunta que fizeram para a atleta, tenho mais com o que me preocupar, como as 6 mulheres que são mortas todo dia neste país e as mulheres que são vítimas de violência sexual a cada 4 minutos", disse. "Responder o que é ser mulher não é minha prioridade, mas as políticas que iremos implantar para as mulheres, todas as mulheres. Não vou pedir carteira de identidade."
"Há uma fiscalização dos corpos das mulheres. Foi discriminatório e violento o que ocorreu com a atleta. As mulheres têm o direito de ser como quiserem", disse Cida. "Responder o que é ser mulher não é minha prioridade, mas as políticas que iremos implantar para as mulheres, todas as mulheres. Não vou pedir carteira de identidade."
Cida Gonçalves criticou a fala do presidente Lula, que citou o Corinthians ao comentar uma pesquisa que mostra o aumento da violência doméstica após os jogos de futebol. "Piadinha nem do presidente da República. Vou falar com ele, acho que Janja já falou e outras mulheres vão falar. Nós não podemos aceitar brincadeirinha em torno desse tema. A prevenção passa por aí, não faz piada, não brinca com a vida das pessoas. Isso é para todos os homens, inclusive para o presidente da República", disse.
O ministério das Mulheres anunciou a campanha "Feminicídio Zero", uma série de ações que começam este mês junto a empresas, igrejas, entidades da sociedade civil e times de futebol para que os homens se unam ao esforço para diminuir os índices de violência sexual e doméstica contra meninas e mulheres. Mas, segundo Cida, não bastam painéis eletrônicos nos estádios ou que os jogadores usem braçadeiras durante os jogos, mas uma ação permanente contra o machismo que comece na formação dos atletas, na base, "para que não existam mais os Daniel Alves e Robinhos".
Cida Gonçalves foi questionada se não é um sinal de desprestígio que o Ministério das Mulheres tenha sido o que mais sofreu com o contingenciamento de verbas, com 17%. "Tenho fé que aos poucos vai ser descontingenciado, sou otimista", disse a ministra. "Não entendo como desprestígio, mas o ministério da Mulher precisa de mais recursos."
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