No dia 8 de março se celebra o Dia Internacional da Mulher em homenagem à luta que diversas mulheres travaram e travam ao redor do mundo para conquistar seus direitos. Neste dia, costuma-se divulgar que a data surgiu após um incêndio em uma fábrica em Nova York , em 1911, onde 129 operárias morreram carbonizadas.
Apesar do episódio ter sua importância para chamar atenção para as condições a que as mulheres eram submetidas, e também porque a versão que mais se sustenta é que o incêndio foi provocado após uma série de greve promovidas pelas mulheres, a origem da data vai muito além deste acontecimento.
Conferência das Mulheres Socialistas
A primeira vez que se falou de um Dia Internacional da Mulher foi em 1910, em Copenhague, na Dinamarca, durante a II Conferência Internacional das Mulheres Socialistas. Na época, Clara Zetkin, feminista marxista alemã, propõs que as mulheres de todo o mundo se organizassem em uma data para reivindicar seus direitos, principalmente o direito ao voto. O movimento também teve aderência nos Estados Unidos e no Reino Unido.
“As mulheres socialistas de todas as nacionalidades devem organizar a cada ano um Dia da Mulher, que deve promover, acima de tudo, a agitação pelo sufrágio feminino”, propôs, junto com Käte Duncker, que também militava pelo Partido Comunista Alemão.
Movimento de mulheres russas
A marcha de mais de 90 mil operárias russas em 1917 também foi um marco que ficou conhecido como um dos pontos de origem da data. O movimento ocorreu no dia 8 de março, no calendário ocidental, e as mulheres marcharam pelas ruas de Petrogrado (hoje São Petersburgo) reivindicando melhores condições de trabalho, com o lema “Pão e paz”, e protestando contra Czar Nicolau II.
Percorrendo diversas fábricas, as mulheres convocaram o operariado russo para um levante contra a monarquia e a participação da Rússia na I Guerra Mundial. A marcha se estendeu por vários dias e tomou proporções tão grandes que a autocracia russa foi eliminada, possibilitando a chegada dos bolcheviques ao poder.
As mulheres russas revolucionários que ficaram mais conhecidas pelo movimento foram:como Aleksandra Kollontai, Nadiéjda Krúpskaia, Inessa Armand, Anna Kalmánovitch, Maria Pokróvskaia, Olga Chapír e Elena Kuvchínskaia.
Reconhecimento oficial
Em 1921, o dia 8 de março foi aceito na Conferência Internacional das Mulheres Comunistas em referência à luta das mulheres russas. Já em 1975, a data foi reconhecida oficialmente pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Hoje, ao redor do mundo, apesar dos avanços e direitos conquistados através de muita luta, as mulheres ainda precisam reivindicar condições básicas de vida, trabalho e respeito.
A participação das mulheres na política, por exemplo, ainda é um grande desafio a ser enfrentado. Se antes a principal pauta reivindicada era o direito ao voto, hoje a luta é pela participação feminina nos espaços de poder.
No Brasil, as mulheres representam 51,8% da população, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Porém, na política, especificamente na Câmara dos Deputados, elas são apenas 17,7% das pessoas eleitas em 2023.