A época de festas como Natal e Ano Novo, que deveria ser um tempo de celebração e descanso, repleto de alegria e reencontros, na realidade se transforma em um período de enorme sobrecarga para muitas mulheres na maior parte do dia. A responsabilidade por organizar a ceia e gerenciar as tarefas domésticas, muitas vezes invisíveis aos olhos dos outros membros da família, recai de forma desproporcional sobre nós.
Nas festas de final de ano a carga aumenta pois até o lazer se transforma em trabalho para as mulheres, especialmente para as mães. Elas são as responsáveis por assegurar que as celebrações aconteçam da melhor maneira possível. O problema geracional, de gênero e raça ficam mais evidentes. O que acontece com o Natal se a mulher decidir não cozinhar ou decorar nada?
De acordo com uma pesquisa da Oxfam Brasil, 85% do trabalho de cuidado é desempenhado por mulheres de forma informal no país. Lembrando que a distribuição desigual das tarefas domésticas não é um problema exclusivo do mês de dezembro.
Segundo o Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (BGE), o público feminino gasta 21 horas semanais na atividade, já homens dedicam menos da metade do tempo. A concepção de que os homens devem cuidar apenas das finanças e não das tarefas domésticas acaba por colocar a mulher como a “dona de casa”.
No entanto, o que fica de fora dessa visão é que, no fim de ano, as mulheres também desempenham funções no mercado de trabalho, ou muitas vezes desempenham a escala 6x1, a carga de 6 dias de trabalho por 1 de folga, o que leva à sobrecarga da dupla jornada. Outro estudo, do coletivo Malasmadres, da Espanha, que entrevistou várias mães e mulheres, indicou que, em média, 72% dos preparativos para as celebrações recaem sobre elas, incluindo a organização de refeições, compras e decoração.
A Sigma Dos, em um estudo recente para a Ikea, apontou que as mulheres se sentem mais sobrecarregadas ao planejar e organizar as celebrações, com 55,4% delas sentindo estresse, enquanto entre os homens esse número é de apenas 40,2%. Um relatório da empresa Trevoledge também apontou que 85% delas atribuem esse estresse ao fato de "os homens não entenderem o tempo e esforço necessários para preparar um Natal perfeito".
As pesquisas evidenciam a necessidade urgente de uma divisão mais equitativa das responsabilidades domésticas e de cuidado nas festas de fim de ano. Diversos perfis nas redes sociais também debateram sobre a importância de refletir essa questão:
O trabalho das mulheres é o que garante a realização das festas e, como essa contribuição segue sendo minimizada, gera sobrecarga emocional, estresse e adoecimento. É imprescindível reconhecer e redistribuir essas responsabilidades para garantir que as celebrações sejam momentos de verdadeira alegria compartilhada.
A Fórum separou algumas sugestões:
- Dividir tarefas e quem faz o quê: Liste todas as atividades necessárias para a festa, tanto na parte de alimentação quanto na limpeza. Não se esqueça das tarefas essenciais, como lavar a louça, ir ao supermercado, passar pano no chão, tirar o lixo, entre outras. Após listar as tarefas, determine quem será responsável por cada uma delas, especificando também os dias. Isso garante que todos saibam o que precisa ser feito;
- Autorresponsabilidade: Quem assumir uma tarefa precisa se responsabilizar por concluí-la, pois as outras pessoas contarão com a execução dela. Caso alguém não saiba como realizar uma tarefa, é válido pedir orientação;
- Apoio mútuo: Se necessário, outros membros da família podem se reorganizar para oferecer ajuda. O importante é garantir que ninguém fique sobrecarregado e que todos compreendam que, com apoio mútuo, todos podem aproveitar a celebração.