Na madrugada deste domingo (30), ocorreu um feito histórico na Copa do Mundo Feminina. A zagueira marroquina Nouhaila Benzina foi a primeira atleta a usar o hijab em uma partida da competição. A peça era proibida pela Federação Internacional de Futebol (FIFA) até 2014, mas desde então, nenhuma jogadora havia entrado em campo com o hijab.
A peça é uma vestimenta característica da cultura islâmica que consiste em um véu colocado ao redor da cabeça, de modo que cubra as orelhas, pescoço e o cabelo. O hijab é usado em conjunto com camisetas de manga comprido, vestidos, saias e calças. Benzina é a única das 736 jogadoras na Copa Feminina 2023 que usou ou usará o hijab.
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Em publicação colaborativa no Instagram com a seleção do Marrocos, o presidente da FIFA Gianni Infantino escreveu: "Ontem, Nouhaila Benzina se tornou a primeira jogadora a usar um hijab em um jogo de Copa do Mundo Feminina da FIFA. O futebol é inclusivo, tolerante, universal e diverso."
O significado do hijab para o futebol feminino árabe
Nouhaila Benzina entrou em campo vestindo o hijab na vitória de Marrocos contra a Coreia do Sul por 1 a 0. Na edição de estreia da equipe nacional feminina, esse foi o primeiro triunfo das marroquinas na história competição. A zagueira esteve no banco de reservas na primeira partida da fase de grupos – derrota por 6 a 0 para a Alemanha.
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A seleção do Marrocos foi a primeira equipe árabe e do norte da África a disputar a Copa do Mundo Feminina, após ser vice-campeã na Copa Africana de Nações Feminina. "Estamos honradas a ser o primeiro país árabe a participar da Copa do Mundo Feminina", disse a capitã Ghizlane Chebbak antes do torneio.
Benzina não se pronunciou aos canais esportivos durante o torneio, mas afirmou à emissora Al Jazeera que a campanha marroquina seria motivo de orgulho: "Muito trabalho foi feito durante muitos anos e, graças a Deus, o resultado foi positivo". A decisão da zagueira em entrar em campo com o hijab pode inspirar outras atletas a fazer o mesmo.
Em 2007, a FIFA proibiu o uso do hijab por "razões de saúde e segurança das atletas", mas a liberação foi decretada em 2014, após protestos de ativistas, atletas, governos e delegações de futebol. Nos países árabes, mulheres que usam o hijab são consideradas empoderadas, uma vez que sabem conquistar seus direitos enquanto respeitam os direitos dos outros.
O ministro-chefe de Bangsamoro, região autônoma islâmica da ilha de Mindanau, nas Filipinas, disse na comemoração local do Dia do Hijab, em 1 de fevereiro: "Por trás dessas roupas simbólicas estão histórias de opressão, privação e negligência que o mundo ignorou. Mas, em Bangsamoro, nós vemos o hijab como um símbolo de respeito mútuo, criatividade, esperança e valores."
Nouhaila Benzina: quem é?
Benzina nasceu em Kenitra, cidade costeira no Marrocos próxima de Rabat, em 1998. A atleta atuou como zagueira ou lateral direita pelo ASFAR (Associação Esportiva das Forças Armadas Reais) Rabat, clube mais vencedor da história da primeira divisão marroquina. No momento, é agente livre e não está vinculada a qualquer clube.
Na carreira, a atleta disputou apenas três jogos profissionais pelo clube e cinco partidas pela seleção, sendo o confronto contra a Coreia do Sul sua estreia em Copas do Mundo.