OBJETIFICAÇÃO E ASSÉDIO

Como a sexualização de jovens atrizes por sites de fofoca pode fomentar o assédio virtual

58% das adolescentes e jovens reconhecem a linguagem abusiva e insultuosa como o assédio virtual mais recorrente

Sites objetificam mulheres e acabam fomentando o assédio virtual.Créditos: Reprodução
Escrito en MULHER el

Atrizes jovens, como Mel Maia, Larissa Manoela, Sasha Meneghel e Bruna Marquezine são alvos constantes de matérias que envolvem a objetificação de seus corpos. As notícias em sites de entretenimento e fofoca, que acompanham o dia a dia de artistas e celebridades, comumente se utilizam de ‘clickbaits’ com palavras-chave como “fio-dental” para incentivar o público a consumir a matéria.

Recentemente, no portal de notícias “Observatório G”, diversas artistas protagonizaram notícias em que eram erotizadas. A situação não acontece apenas em uma publicação, mas nas 9 primeiras matérias destacadas do site. 

Veja

Matérias publicadas no portal "Observatório G", comuns em outros portais de notícia

Embora a atitude seja encarada como reprovável mas passível de consequências pequenas, a sexualização de adolescentes e jovens adultas brasileiras na internet tem um índice maior do que a média mundial – 77% das mulheres nessas faixas etárias já passaram por casos de assédio na esfera digital, de acordo com a pesquisa “Liberdade On-line? Como meninas e jovens adultas lidam com o assédio nas redes sociais.”

Manchetes assim podem abrir espaço fértil para que meninas, assim como tais atrizes, sejam vítimas de assédios como exposição da própria imagem ou a conteúdos obscenos sem consentimento, comentários indesejados e stalkers. Segundo a pesquisa, 61% das meninas passam pela primeira situação de assédio na internet até os 15 anos e 53% das mulheres alegam que o assédio é frequente ou muito frequente em seus perfis online.

Outro ponto a ressaltar é que o tipo de assédio mais frequente, com 58% de recorrência entre as 500 entrevistadas, é a linguagem abusiva e insultuosa, justamente aquela utilizada para provocar clickbait nas notícias das famosas, o que demonstra um reflexo social de comportamento. 

Educação sexual ajuda a identificar situações de assédio virtual

A educação sexual, constantemente distorcida pelas pessoas, serve para que a criança, adolescente ou jovem entenda sobre os limites que não devem ser ultrapassados quanto à preservação de sua sexualidade. 

Além de educar sobre o que são abusos psicológicos e físicos, é através da aprendizagem que a pessoa vulnerável aprende a reconhecer e pedir ajuda quando é assediada ou abusada de alguma forma. 

É necessário que conversas francas, totalmente diferentes de discursos depravados, sejam realizadas a fim de instruir e ensinar jovens mulheres a se expressarem e se desenvolverem sexualmente. 

Como denunciar o assédio virtual  

O assédio virtual é reconhecido pelas seguintes ações:

  • Exposição de fotos e vídeos íntimos sem consentimento
  • Mensagens indesejadas de conotação sexual
  • Discurso de ódio
  • Comentários pejorativos nas redes sociais
  • Difamação e injúria contra outra pessoa
  • Estímulo à violência

As delegacias policiais costumam ter departamentos especializados em crimes que acontecem na internet, como é o caso da Delegacia de Polícia de Repressão a Crimes Cibernéticos em Pernambuco e a Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos e Defraudações, no Rio Grande do Sul. 

Mesmo quando não houver um departamento específico na região em que a vítima vive, qualquer delegacia pode ser acionada, tanto pelo número 190, quanto pelo Disque 100 (Direitos Humanos). A Central de Atendimento à Mulher, 180, também recebe as denúncias. Caso se sinta mais confortável, a vítima também pode fazer contato com o Ministério dos Direitos Humanos através do número de WhatsApp (61) 99611-0100 ou pelo e-mail ouvidoria@mdh.gov.br.