A advogada Luanda Pires, diretoria de políticas públicas do Me Too Brasil, foi ameaçada de morte. Ela atuou em mais de 250 casos de violência sexual contra mulheres pela organização não governamental (ONG) criada há dois anos.
Luanda procurou a polícia, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Instituto Marielle Franco. Ela solicitou, respectivamente, que a denúncia seja investigada, acompanhamento da situação e proteção pessoal. Hoje, conta com segurança particular para fazer sua escolta.
A advogada recebeu, no dia 8 de novembro de 2022, um e-mail relatando ameaças: “Prezada Doutora Luanda. Admiro seu trabalho e por isso envio esse relato de forma anônima, por medo e pela minha segurança. Recebi a informação direta de uma pessoa de confiança e que trabalha no [...] e me colocou que o [...] esbravejou que está querendo te matar e vendo meios para isso, por isso preze pela sua segurança e pela sua vida. A sua vida vale muito para as mulheres”, diz a mensagem.
O autor do texto não se identificou. Luanda não revelou o nome da pessoa que estaria disposta a matá-la para não atrapalhar as investigações. Entretanto, ela sabe que se trata de alguém que foi acusado de violência sexual em um dos casos que ela acompanha pelo Me Too.
“Eu registrei um boletim de ocorrência (BO) em razão de uma ameaça que eu recebi, num e-mail. Um e-mail com tom de ameaça contra minha vida. O conteúdo do e-mail dizia que uma das pessoas que é parte de um dos casos do Me Too Brasil estava ameaçando contra minha vida”, declarou, em entrevista ao G1.
Os problemas de Luanda não param por aí. No dia 29 de novembro, imagens de uma câmera de segurança registraram o exato momento em que um homem entrou no carro da advogada. Ela fazia compras em um supermercado na zona sul de São Paulo.
Objeto semelhante a rastreador está sendo periciado
Nada foi furtado, mas, no dia seguinte, Luanda achou dentro do veículo um objeto pequeno, semelhante a um chip. Então, ela suspeitou que fosse um rastreador e o entregou para perícia. Ainda não saiu o laudo.
“Abriu o meu carro e colocou esse possível rastreador. Tanto eu quanto a polícia suspeitamos que o e-mail e o suposto rastreador têm ligação e ambos estão ligados a um dos casos do Me Too Brasil”, destacou.
A polícia encaminhou as denúncias ao Ministério Público (MP), que as comunicou à Justiça. O caso está sob sigilo.