O ex-prefeito de Campo Grande e atual candidato ao governo do Mato Grosso do Sul, Marquinhos Trad (PSD), está sendo acusado de trocar cargos públicos na prefeitura por sexo. A Polícia Civil do estado já instaurou inquérito para apurar as denúncias de episódios de assédio sexual.
O procedimento foi aberto depois de apuração preliminar e se baseia nos relatos de quatro mulheres que procuraram a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). Três delas afirmaram ter se sentido assediadas.
Esses três depoimentos são semelhantes. As mulheres destacaram que passavam por problemas financeiros e foram atraídas para o gabinete da prefeitura com a promessa de emprego em algum órgão municipal.
Elas relataram que, uma vez no local, eram assediadas pelo então prefeito, que realizava truques de mágica com baralho e, em seguida, manifestava o desejo por sexo. Das três mulheres que se disseram vítimas de Trad, duas afirmaram ter mantido, durante determinado período, relações sexuais consentidas dentro do gabinete da prefeitura, de acordo com informações da coluna de Guilherme Amado, no Metrópoles.
Uma das denunciantes, em depoimento, afirmou que foi levada por Trad ao banheiro do gabinete. Porém, que recusou a investida:
“QUE a declarante narra que MARCOS começou a tentar beijá-la passando a mão em seu corpo, mais precisamente em seus seios e, em seguida a empurrou para uma pia e abaixou as próprias calças; QUE a declarante alega que todo este ato foi muito rápido e a mesma estava apavorada, além disso, a declarante pode sentir que o mesmo estava com ereção e que tentou levar a sua mão ao seu órgão genital; QUE, diante da negativa da declarante em manter qualquer relação sexual com a pessoa de MARCOS, o mesmo vestiu as calças”, diz trecho da investigação preliminar.
Outra mulher disse ter mantido relações consensuais com Trad por algum tempo e que foi vítima de assédio meses depois do fim do caso extraconjugal com o então prefeito, quando ela já estava casada com outro homem. Conforme o depoimento, Trad, já fora da prefeitura, teria tentado beijá-la à força, em 17 de junho de 2022, no atual comitê de campanha utilizado por ele.
O depoimento da terceira mulher foi semelhante ao da segunda, exceto que, de acordo com a terceira, o então prefeito teria se recusado a usar camisinha durante o ato sexual, contra a vontade dela.
A declarante disse, também, que, em quatro oportunidades, se dirigiu até a prefeitura em função de promessas de emprego feitas por Trad, que nunca se concretizaram. Nessas visitas, houve relações sexuais consentidas dentro do gabinete.
A quarta mulher ouvida pela polícia afirmou que nunca esteve com Trad pessoalmente.
Trad negou todas as acusações e afirmou que nunca praticou assédio sexual
“Quanto mais eu consolido minha liderança nas pesquisas de intenção de voto ao governo estadual, mais ataques surgem. Tenho gravação de pessoas que foram procuradas para receber valores para contar histórias a meu respeito. Esses depoimentos [dados à Polícia Civil] têm o objetivo de abalar minha candidatura. Estou disputando contra o candidato do atual governo. Esses dias eu gravei vídeo de matança de índios no qual cobrei apuração porque a Polícia Militar invadiu a aldeia sem o mandado do juiz. E eu recebi do secretário de Segurança [uma mensagem que diz] o seguinte: ‘Ou você fica do lado da gente ou as coisas vão piorar’. Ele prenunciou que viria isso aí”, disse Marquinhos Trad.